sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Agora é tarde




(a notícia é aleatória, ok? Peguei a primeira que vi que fala do acidente.) 

Hoje não é o meu dia de postar aqui no Manchete. Mas não temos post e acho que não dá pra ficar sem falar da tragédia de Santa Maria. Afinal, comentamos notícias e não dá pra relevar um acontecimento desse nível.

É obvio que estamos todos tristes, com um sentimento de desperdício no peito. Muitas vidas jovens perdidas, com um potencial enorme pela frente e tudo isso jogado fora por causa de uma bostinha de balada de sábado à noite.

Mas não é nesse ponto que quero me focar. Os grandes conglomerados de mídia já estão dando um destaque sensacionalista excessivo para tudo o que aconteceu, falando da tristeza das famílias e publicando as histórias com status de manchete e tal. Exploração descarada da desgraça e da tristeza alheia em favor da audiência. Paciência.

O ponto que quero destacar é um pouco mais político. Não sei se já comentei aqui, mas trabalho com acompanhamento de projetos de lei, ou seja, sei de quase todos os projetos novos que são protocolados pelos nossos legisladores diariamente e vejo muita porcaria virando lei todo dia. 

O negócio é que essa semana, logo após a catástrofe de Santa Maria, dezenas (sim, dezenas) de novos projetos de lei surgiram para prevenir esse tipo de acidente. É como o que ocorreu no caso de Realengo. Após o desastre, todo mundo quer prevenir. Mas o caso de Santa Maria é diferente porque, vejam só, a legislação preventiva já existe. Ela apenas não é seguida.

Foi noticiado em todos os grandes jornais que a Kiss não poderia estar funcionando naquelas condições mas, gente, pelo menos 95% das baladas aqui de São Paulo seguem aquela configuração: entrada/saída única, sem sinalização, extintores invisíveis. E a legislação de segurança especifica claramente que não pode ser assim. 

Ora, se não pode ser assim, porque a Kiss funcionava? Porque, provavelmente, rolou alguma coisa por baixo dos panos para que o alvará fosse concedido. Alguém assinou aquele alvará. Alguém não fez a verificação de forma correta. Agora querem vir os políticos bancando os lindinhos fazer um monte de leis novas para suprir uma regulamentação que já existe? É piada, né?

O problema está na mão corrupta de quem assinou aquele alvará e deixou que a boate funcionasse daquele jeito.

Vem cá, alguém consegue dizer por que o responsável pela autorização de funcionamento da casa não está preso? Ele é tão culpado quanto os donos e os meninos da banda – que foram burros. Simples assim. Mas não. Nem se fala disso. Ninguém está investigando os fiscais da prefeitura que concederam um alvará indevido para o funcionamento da boate. Isso não sai na mídia, né? Isso ninguém investiga.

A culpa política desse “acidente” é da prefeitura de Santa Maria que foi relapsa, indiferente quanto à segurança de seus jovens e absurdamente irresponsável. Agora tá todo mundo tristinho. Tá todo mundo de luto. Mas na hora de conceder alvará sem verificar a real situação do local e ganhar uma graninha extra fica todo mundo feliz. Bonito, não?

Só como ilustração, aconteceu em 2004 um caso semelhante na Argentina que resultou até em impeachment contra o prefeito do município, que foi considerado o responsável político pelo acidente. Quem quiser saber mais: clica aqui.

Enfim, esse texto tá grande então, pra concluir, eu só gostaria mesmo de demonstrar um pouquinho da minha revolta. Não adianta criar dezenas de leis agora, Senhores Vereadores. A legislação existe. Basta cumprir. Basta não se deixar levar pela corrupção porque isso é culpa de vocês. É culpa desse bando de pilantras que se deixa subornar e não se preocupa de verdade com o bem-estar da população. 

Agora a fiscalização vai aumentar. Uma fiscalização para remediar e não para prevenir. Uma fiscalização burra. A nossa administração pública é burra. Burra e corrupta. Resultado de todos os anos de educação insuficiente, tanto tradicional quanto moral. Parabéns, Srs. Políticos. Essas 236 mortes estão na conta de vocês.

2 comentários:

  1. KArol eu vi na ana Maria o delegado do caso dando entrevista. Ele disse que a prioridade nesses primeiros dias foi vistoriar a boate, carros, casas e outros pontos comerciais dos donos pq a prisão temporaria foi de 5 dias e eles tinham que tentar encontrar as filmagens e computadores que sumiram de dentro da boate!
    De acordo com ele a segunda fase da investigação tipo semana q vem seria pra averiguar tds os documentos do estado e da prefeitura a respeito da boate desde a sua "certidão de nascimento" como ele falou...
    Tomara que se cumpra!

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  2. Karol como vc previu... até agora n falaram nada a mais...

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