segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Recivilize-se: preconceito ou não?


Propaganda da Nivea que manda negro "se civilizar" é acusada de racismo

Complicado afirmar que não há má intenção, mas parece que “a moda” agora é ir contra aquilo que é visto como ‘politicamente correto’.  Depois da Sandy Devassa (quer desconstrução do ‘mito santa’ mais apelativa do que essa?), dos pôneis malditos da Nissan, da pele de bichinhos fofinhos utilizada em calçados da Arezzo, das freiras e padres com os sorvetes italianos (nem tão recente assim), a Nivea chamou a atenção de várias pessoas com a campanha Recivilize-se. O nome já não seria algo comum, mas a imagem choca mais. Um rapaz negro “engomadinho” parece lançar para longe uma cabeça de um negro com um black power.
Achei pesado.  Não é questão só de desmontar o termo civilização, pegar um dicionário, ver o que significa e onde o pessoal pode ter arrumado uma brecha para colocar ESSE nome e ESSA imagem. Há toda uma questão histórica por trás disso e garanto que muita gente não ficou satisfeita com o que viu.
A Nivea disse que a intenção não era ofender ninguém – nunca é, não é mesmo? Foi infeliz na colocação, tirou a campanha do ar e disse que esta não volta mais. Se era pra chamar atenção do pessoal, bem que conseguiu. Mas o que me intriga é o seguinte: até quando e até onde é pertinente polemizar para vender? E esse modelo? Será que não sabia que tipo de serviço estava se prestando?
Não é questão de chatice, de tentar ser certinha sempre, mas acredito que está na hora do pessoal da publicidade/marketing repensar nos meios de tornar seus produtos notáveis pela criatividade, originalidade, mas acima de tudo, pelo bem, sem que algum lado se sinta prejudicado ou ofendido. É possível?

9 comentários:

  1. Eu ainda acho que o bom gosto deve reinar acima d equalquer coisa. E isso não é bom gosto.

    Até mesmo a propaganda dos poneis, pode ter lá seu humor, mas não é de bom gosto, não é realmente inteligente.

    Propaganda boa mesmo é aquela que chama a atenção com inteligência, sem ofender ninguém. Essa éa minha opinião.

    Mas hoje em dia são mtas propagandas, mtas marcas, mta coisa acontecendo, a moda do politicamente incorreto bombando, competitividade a toda etc e tal... Mtas coisas se perdem no meio disso tudo... Marcas que investem mto em publicidade, que tem um nome, e que terceirizam sua produção para empresas suspeitas que não respeitam direitos trabalhistar, por exemplo.
    Enfim, a publicidade pode perder o rumo, assim como qualquer empresa, e qualquer pessoa que não tiver foco no bom gosto e, principalmente, que não souber o que é empatia. No caso específico, se colocar no lugar dos negros/dos que usam cabelo black power.

    Ultimamente andei reparando que não é incomum pessoas 45 anos ou + se assustarem com penteados afro, acharem a pessoa esquisita por causa do cabelo esquisito, etc e tal. Ainda tolero pq acredito que quem cresceu em um mundo mais conservador leva um pouco mais de tempo pra perceber que até mesmo criticar um penteado pode ser racismo, e não consegue perceber que assumir o cabelo dito "ruim" é uma forma de afirmar o orgulho de sua cor... Contudo, quem lança uma campanha dessas tem uam responsabilidade mto maior do que 1 pessoa isolada que faz um comentário negativo diante de um penteado afro. Se a equipe que comandou a campanha não percebeu que poderia ser ofensivo para alguém, certamente trata-se de uma equipe bastante incompetente.

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  2. Minha pergunta é: isto está dando dinheiro?

    Porque assim, como o mercado tem MUITAS marcas de MUITAS empresas, eu tenho opção... Ainda bem, considerando que eu não compro mais quando fazem propaganda ofensiva ou violam qualquer outro valor que eu acho bacana.

    Por isso eu acho a concorrência saudável. Não só pelos preços se tornarem competitivos, bem como a qualidade, mas para o consumidor optar também pela ideia que a empresa está passando para o mundo. (Tomara que a Unilever não compre a Nivea, porque já tem a Dove. Se comprar todas as marcas, eu vou ficar com "cêcê".)

    E as empresas deveriam ser mais atentas quando aprovam ou não um projeto de publicidade...

    Agora, eu acho meio difícil a sociedade acordar para essa forma de atitude nociva, afinal de contas, simplesmente foi "dando o cu" que a Sandy conseguiu ficar famosa novamente... Desculpem a expressão feia.

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  3. Humor, ironia e sarcasmo se confundem muito na poublicidade de uma maneira geral. Agora, quando o assunto é apelar para o faturamento maior, costumam-se perder as estribeiras e depois pedirem desculpas. Isso é lamentável, especialmente com uma maioria de público pouco afeito à crítica subliminar. Abraços. Paz e bem.

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  4. Eu não entendo por que as pessoas criticam o politicamente correto, sendo que todos se beneficiam dele. Apenas homens brancos ricos e heterossexuais "poderiam" fazer essa crítica, mas não é o que se vê por aí.

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  5. Eu sou negro, uso Nívea, sou civilizado? hahahahahahaha

    Brincadeiras de lado (embora eu realmente use nívea), eu achei sim, a propaganda pesada, porque passa a ideia, sim, de que se você usar black power e barba, vai parecer um bárbaro e um sujo... tal ideia poderia ser repassada por um europeu nórdico (afinal os vikings eram bárbaros e sujos - aliás, como muitos europeus de hoje em dia). Por que sobrou pro negão?

    Vida de nêgo é difícil, já dizia o Caymmi.

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  6. Há quem possa dizer que as pessoas estão "sensíveis" demais ao se ofender com certas campanhas publicitárias, mas não é por aí, não mesmo.

    Acho que algumas empresas - como a Nissan -, entendem que publicidade, mesmo que negativa, serve. O que conta é a marca na mídia.

    É a filosofia tacanha do "falem mal, mas falem de mim" levada para o mundo corporativo...

    É possível fazer humor e boas propagandas sem ofensa. Já coloquei esses links no outro post e os repito aqui:


    TR4: Lama Rejuvencesce:
    www.youtube.com/watch?v=ao3Stlyw7UQ

    Corolla quebrado:
    www.youtube.com/watch?v=Hy-rtCKBqWg

    Corolla - new boyfriend:
    www.youtube.com/watch?v=k3oEd13krV0

    Passat: Quer entender?
    www.youtube.com/watch?v=h4iTJfS0Pm0

    e, lógico:

    Passat: The Force
    http://www.vimeo.com/21863434

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  7. É possível, tem que ver se vende, né? Falou coisa tosca as pessoas não deveriam comprar e pronto. Mas acho que a maneira de ver propaganda está mudando, vamos ver se melhora.

    beijo

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  8. O racismo é manifestado de diversas maneiras no cotidiano e livros em geral, dicionários...
    gostei da atitude de alguns em colocar em primeiro plano o seu descontentamento pelo fato ocorrido. Infelizmente se for especificar por porcentagens o grito de desgosto dos que se sentiram atingidos pelo anuncio em questão; isso resolveria vamos supor: 0000,00,00,01% dos problemas envolvendo questões raciais ''SÓ NO BRASIL''
    Achei que o pedido de ''desculpas'' da empresa foi muito contraditório, dando ênfase nesta parte >> ''Esse anúncio foi impróprio e ofensivo. Nunca foi nossa intenção ofender ninguém''
    ?????
    Se foi impróprio e ofensivo segundo eles, o por que de reforçar a culpa colocando ''Nunca foi a nossa intenção ofender ninguém''????
    O peixe morre pela boca.
    E outro fator que me chamou a atenção foi muita especulação sobre valores culturais, diversidade e igualdade. QUEM NÃO DEVE NÃO SE EXPLICA ALÉM DO HABITUAL.

    Édson Xavier (preto d'black)

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