Alguns Milhões

Inspiração: http://migre.me/3RQM2

Imagine que você está extremamente entediado numa fila. Agora viaje comigo para uma fila específica (a da casa lotérica da sua esquina), onde muitas pessoas estão com um mesmo intuito: subir na vida. Às vezes penso que seria mais fácil se a vida fosse uma escada ou um banquinho, mas não é. É difícil e a gente vive assim cheio de esperança de que tudo pode melhorar.

Agora voltemos ao tédio daquela fila. Imagine-se lá por, não sei, 50, 70, 90 minutos, misturando seus sonhos com o de tantas pessoas. Depois espere e, no dia marcado, fique de olho na televisão, de ouvido no rádio ou seja lá como você fica, mas cheio de expectativa (isso é importante). Com o tempo, os números vêm surgindo: 26, 15, 02, 30, 52, 27, e você, finalmente, percebe que “poxa, eu perdi na MegaSena”. E os sonhos se renovam ou se desgastam a cada acumulada.

Seria a MegaSena um estímulo pra as pessoas irem atrás de seus sonhos? Ou apenas um meio de cortar o sonho pela metade tornando tudo mais fácil pra quem tem o prazer de ganhar um prêmio desses e desfrutar de 30, 40 ou 52 milhões de reais?

Tudo isso me leva a uma pergunta: o que eu faria se eu fosse o felizardo daquela fila entediante?

Eu poderia comprar minha casa, viajar, fazer bem a quem eu quero bem, pagar um pouco de liberdade, comprar falsas amizades, ajudar pai, mãe, tio, tia, primo, gato e papagaio (tenho medo de cachorro), mas o que, no final das contas, se torna mais relevante nisso tudo é o fato de que eu poderia bancar minha felicidade. Não que ela seja totalmente comprada, mas a parte que pode ser – e não sejamos hipócritas de dizer que não se pode – poderia ser muito melhor aproveitada.

E de pensar que tem gente que quer ser milionário só pra poder gritar: