quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Apologia ao crime ou realidade?



Não vivem falando por aí que o professor deve procurar meios de tornar a aula interessante para o aluno? Aproximar-se ao cotidiano do estudante? Pois então...
Tá, pode ser que o tema abordado nos problemas de matemática nem tenha sido assim tão próximo do cotidiano dos estudantes, tanto que, se fosse, não teria causado estranhamento/indignação nos pais de uma aluna.  Mas...
Minha tia é professora em uma escola na periferia hardcore de Campinas, SP. Ela dá aula para crianças, entre 8 e 12 anos, que em geral sonham em ser ladrões ou traficantes. Como estimulá-los a estudar? Além disso, a maioria dessas crianças já está habituada a lidar com a morte, com espancamentos, etc e tal. Uma criança de 8 anos contou, sem remorso, que tinha mostrado ao pai a mulher que o havia dedurado a polícia, o que resultou na morte da mulher, afinal “quem mandou ela se meter?”.
Essa é a realidade deles, e eu não culparia um professor que aplicasse testes chocantes, mas que atraíssem a atenção dos alunos. Pode ser que não seja o caso de Santos, pode ser que seja realmente um caso de apologia ao crime, mas não podemos ignorar o fato de que a criminalidade que assusta uma parte da população é uma realidade pra algumas crianças, e por isso já não é tão assustadora para elas.
Não quer dizer que atitudes como a do professor de Santos devem ser ignoradas, mas que é hipocrisia condená-las a primeira vista. Ao invés de ficar chocada com um professor que aplica provas com conteúdo “criminoso”, a sociedade devia se chocar com a realidade que impõe a determinadas crianças, que crescem na marginalidade, aprendendo que tráfico e violência são práticas normais.
Para encerrar, vou dividir a com vocês a historinha da aluninha que aprende desde cedo que quem ama bate/apanha (se você lê o No Lipstick, talvez já conheça):

C: - Não tem ninguém na sua casa?
N: - Tem sim, meu padrasto está em casa.
C: - Mas ele não trabalha?
N: - Ele está em casa porque minha mãe furou o olho dele com a tesoura.
C: - Mas o que ele fez pra sua mãe fazer isso?
N: - Ele cortou a perna dela com a faca.
C: - Mas se brigam tanto porque não separam?
N (com cara de sonhadora): - Ah tia, porque eles se amam!

3 comentários:

  1. Ta ao ler o post eu ia fazer um comentario basico do tipo "será q a vida imita a arte ou a arte imita a vida"...

    Mas ao ler a repostagem... GENTEM comassim???
    mto sem noção o prof pelamordedeus

    Que Deus me de filhos somente qnd eu tiver dinheiro p/ coloca-los em escola particular!!! Amém.

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  2. Eu ri muito quando li essa reportagem, não me pergunte pq!

    E eu não acho mais que aula tem que ser interessante, aula é aula, diversão é a sinuca de depois, há!(Grande ensinamento que aprendi com os colegas da faculdade).

    Ahhh, e eu lembro demais dessa historinha, de vc me contar...;/ é...

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  3. Parece surreal, mas é real. Se bom ou ruim, depende da perspectiva de quem vê.

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