quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Todas as leis são de Murphy.


Você é filha de  uma advogada, ou bacharel em direito, que seja. Tem trocentos amigos bacharéis em direito, mais uma tia, um primo e um cachorrinho com carteirinha da oab. Ainda assim, a convivência com essa manada de advogados não te ajuda a entender para que servem as leis, visto que a justiça não funciona e quando funciona é para o mal.

Aí você vê essas pessoas que estudam direito com livros enormes, maçantes, escritos com a linguagem mais robusta possível, falando de coisas que, em geral, só existem na teoria.

 As leis não são aplicadas, exceto a Lei de Murphy que sempre funciona pra maioria da população. Inclusive, diz-se a boca pequena que, segundo a Lei de Murphy,  as leis só são cumpridas quando causam dano a um grande número de pessoas inocentes e de bom coração.

Aí você pensa que isso é coisa de país subdesenvolvido, que acontece porque estamos em um fim de mundo... Por isso soltamos estupradores sem a correta avaliação psicológica, por isso o estado de São Paulo pode discriminar professoras gordinhas ou míopes, por isso  o Sarney só vai sair do senado quando for se mudar para o cemitério, etc e tal.

E você tem aquela paixão pela França, aquela coisa de pseudo-cult, de amar a Amelie Poulain, de ouvir música francesa nem que seja Carla Bruni, de gostar de Le Petit Prince, de achar linda a Torre Eiffel e pensar que sim, os franceses podem ser metidos, porque são o máximo da Europa.

Aí você vai procurar uma notícia interessante pra te inspirar a escrever o post de quinta feira e se depara com a lei mais burra do universo (tá, talvez não a mais burra, já que a disputa é acirrada) que impede um ser humano de salvar a própria irmã.

Se a notícia fosse brasileira seria muuuuuito diferente, o transplante estaria autorizado, mas o SUS só iria marcá-lo para quando a paciente já estivesse morta, ainda que a nossa constituição diga que "a saúde é direito de todos e dever do Estado".

Enfim, em dias que leio notícias como esta, simpatizo muito com o anarquismo.

8 comentários:

  1. put'z! é o que eu sempre digo: contra fatos existem, sim, argumentos. até porque, se não existirem a gente inventa... impressionante!
    embora eu seja daquelas pessoas que, talvez burramente, não sei, tenta fazer a "sua parte", sou muito descrente de que esse mundo tome jeito um dia. e depois de ler uma absurdeza dessas, então...
    e a vida (infelizmente) segue assim... sorte lá pra dona Martine. sorte pra todos nós.


    muito bom, Ana. adorei a pertinente analogia entre reportagem e título. ;)

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  2. É, A França não é mais como o Rio de Janeiro para mim, não continua linda...hahahaha.


    Mas calma lá, dona Ana B., a justiça funciona sim e não só para o mal, mas tá, isso não é um caso a ser comentado por aqui.

    E sobre a lei de murphy, é isso aí, toda vez que se menciona alguma coisa: se é bom, acaba; se é ruim,acontece.

    Boa escolha, ótimo texto!

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  3. Concordo em parte...
    Acredito que o maior problema não está diretamente ligado às leis, e sim na burocracia que gira em torno das mesmas. A justiça funciona sim, mas não como deveria. É evidente que vez ou outra uma arbitrariedade acaba acontecendo, mas falhas existem em todas as áreas.
    Bom, pra ser mais específico, no caso francês é uma questão de interpretação.

    Ps.: Parabéns pela escolha na matéria, a diversidade intelectual de seus participanetes deixa o blog muito mais rico e interessante.

    Bjos.

    @ChrisRibeiro

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  4. Algumas leis servem para dar nomes em ruas, outras para definirem quais são os crimes, em suma...

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  5. Dá-lhe Norora.. Muito bom, muito bom mesmo!

    P.S:. Tô tão cansada do mundo jurídico que nem vou comentar sobre isso.

    =P

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  6. Ter que tentar que eles sejam considerados irmãos "de sangue" e não judicialmente só pra burlar o sistema é demais, né?
    A burocracia é um treco que passe o tempo que passar, não canso de me surpreender.

    beijo

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  7. Hahaha, adorei! Embora o assunto - e o sofrimento dos irmãos citados na matéria - seja sério, o post conseguiu ser crítico e bem-humorado ao mesmo tempo. Gostei MUITO do cinismo que perpassa todo texto.

    Às vezes também tenho meus momentos de simpatia com o anarquismo...

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  8. Todos estes "Países desenvolvidos" tem questões éticas, morais, judiciárias patéticas também, incongruentes. Eu uso argumentos semelhantes aos seus qd começam a dignificar os de fora

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