A "saidera" de Buk

A notícia de ontem: http://migre.me/41hVR

Lembro que minha primeira impressão quando peguei um livro do “Velho Safado” foi de repulsa. Quanta violência! Que linguagem despudorada! Já tive uma inocente fase de me afeiçoar por escritos pouco agressivos, e me esqueci por algum tempo que qualquer palavra agride, experimente empregar a palavra alegria em um contexto errado para ver só.

Depois do primeiro contato com uma obra inteira deste sujeitinho safado, percebi que ele é capaz de causar desde a repulsa até a paixão sem você mudar de página, simplesmente o cara era (é) fod* e sabia apreciar e descrever como ninguém uma.

Tudo bem, ele era uma bêbado. Tudo bem, ele era um adolescente tardio. Tudo bem, ele era um vagabundo. Mas, imprestável não. Na minha humilde opinião se o cara transforma suas bebedeiras, suas angústias, seu ódio e sua safadeza em ótimas poesias, que quase sempre eram autobiográficas, pronto, ele merece outra dose, outro bilhete de aposta e outra puta.

Dane-se Geração Beat, o que o inspirava mesmo era um tanto de música clássica, cavalos, prostitutas, tudo isso encontrado pelas ruas e becos escuros/sujos de Los Angeles.

"Nasci para arrastar rosas pelas avenidas da morte".

Buk morreu ao 73 anos, com mais de 50 livros escritos, algumas representações no cinema, e deixando a certeza de que o paraíso dele foi todo o inferno que ele se deixou conhecer, e depois nos deixou conhecer.

E como ele esperou esta morte?

Confissão:

“Esperando pela morte

Como um gato

Que vai pular

Na cama”

E como ele achava que devia morrer?

“Você já pode morrer agora.

Você já pode morrer do jeito que as pessoas deveriam morrer:

esplêndidas, vitoriosas, ouvindo a música, sendo a música, rugindo ,rugindo, rugindo."

(Buk – Essa loucura roubada que não desejo a ninguém a não ser a mim mesmo amém.)

E como seria o mundo dele sem ele?

Para quem não o conhece, alguns escritos aqui: http://migre.me/41i9J