sábado, 9 de abril de 2011

Não são só os adultos se deprimem

Criança deprimida


A notícia a qual me refiro com este post está situada no centro da página disponibilizada pelo link. Trata-se, sob ótica psiquiatra, a depressão entre crianças. Chega a oferecer porcentagens (sem anunciar qualquer referência de pesquisa), acerca da quantidade de crianças que podem sofrer de depressão.

Pois bem. A depressão realmente é um quadro sério. Porém, o texto aborda uma relação de sintomas que estão associados à este sofrimento e que a criança moderna tem maior tendência a desenvolver. Então me questiono: será que temos a obrigação de estarmos felizes o tempo todo? Não estou discordando da gravidade do quadro de depressão em crianças e, muito menos de que elas necessitam de tratamento (talvez do tratamento proposto na notícia, mas isso falarei mais tarde). A sociedade moderna, diferente das anteriores, cobra das pessoas que elas devem ser felizes ininterruptamente. Qualquer manifestação de sofrimento já é considerada uma doença.

Acredito numa certa dosagem neste aspecto. Muitas vezes o que nos move é justamente a angustia e o sofrimento. Demonstrá-los não é algo ruim. Sentir-se “triste” pode ser o que necessitamos para a mudança.

O entendimento simplista (claro que não se trata de todos os casos, e isso gostaria de deixar bem claro) de que qualquer sofrimento seja considerado depressão é o reflexo do quanto nós somos exigidos de comportamentos instituídos. Dentro de uma sociedade de controle (descrita por Foucault), nos policiamos ao menor mal-estar. Outro exemplo é a onda de crianças com “déficit de atenção”, o TDAH. Já ouvi casos de crianças que apenas não queriam ir para a aula, pois não tinham vontade de prestar atenção serem diagnosticadas com TDAH sem o menor critério de diagnóstico. E então me pergunto: que criança quer ficar parada dentro de uma sala de aula? Qualquer leitor que se lembrar de seus tempos de infância irá concordar comigo.

Agora sim abordarei o tratamento proposto na reportagem. Se o diagnóstico, em muitos casos é impreciso, muitas crianças tomam remédios ou para depressão, ou TDAH sem necessidade. E quando diagnostica corretamente, um tratamento psicológico também deve ser pensado antes de “dopar” a criança. É sempre menos danoso o uso de tecnologias leves.

Isto tudo está dentro de uma abordagem de conceituação de doença. Ao invés de “tratar” a doença, não seria muito mais eficaz estimular a saúde?

Pelo que sei, foi mais ou menos assim...

3 comentários:

  1. Em adultos já é complicado distinguir depressão de tristeza ou mau humor, em crianças creio que seja muito mais complicado.
    Muitas vezes o comportamento dos pais reflete nas atitudes da criança e ela é levada ao médico para tratar de um problema que deveria ser resolvido com uma mudança na atitude dos pais, ou com terapia.
    Acho que a primeira opção sempre deve ser a terapia.

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  2. Lindo post Laila Ruiva!!!

    "A sociedade moderna, diferente das anteriores, cobra das pessoas que elas devem ser felizes ininterruptamente. Qualquer manifestação de sofrimento já é considerada uma doença."

    Concordo com tudim tudim

    Antigamente no Romantismo era chique ser triste e depressivo né?

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  3. Eu concordo com você, na realidade esse comportamento se reflete até na fala, hoje em dia muitas pessoas dizem: tô meio deprê (não mais "to triste), "se eu não conseguir ir naquela viagem vou ficar em depressão" e por aí vai...

    Esses dias estava no salão da minha mãe e das 7 pessoas lá apenas uma não tomava Fluoxetina. É foda, né?

    Acho mesmo que as pessoas vão entrar num colapso. Antigamente a gente tinha os nossos próprios problemas e tínhamos que lidar com eles. Hoje somos bombardeados com um monte de problemas (catástrofes, violência, doenças) que antes as pessoas nem ficavam sabendo. Se certa forma, não sei como as pessoas vão se adaptar a tudo isso.

    Quanto às crianças, como a Ana B. disse, seria muito melhor tratar os pais antes.

    beijo

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