segunda-feira, 4 de abril de 2011

Preservar. Até a última memória.

Manchete: Corpos são achados entre destroços de avião da Air France

Já faz dois anos que o acidente aconteceu. Famílias ainda anseiam descobrir a causa dele, ou mesmo tentar reconhecer um dos seus, no meio dos corpos encontrados. Tento entender o motivo da busca perdurar por tanto tempo. Ok, faz sentido tentarem encontrar as caixas-pretas do avião - encontrar o cerne do problema e evitá-lo futuramente. Tento entender. Afinal, aviões também são feitos por humanos, e acho que nenhum outro animal no mundo erra mais que os humanos.

O que me é de difícil compreensão, também, é a ansiedade das famílias. Já sabem que estão todos mortos. A esse ponto, a dor sendo a mesma, já deve ter tido sua intensidade diminuída. Mas eles continuam querendo saber. Talvez isso mantenha a memória deles viva, quem sabe? Talvez seja uma ocupação a mais aos que restaram, em depressão, no vazio da espera de um voo que não vai mais chegar - ou a espera daquela ligação, avisando que fez boa viagem, e onde está é lindo demais, onde quer que esteja.

Eu não consigo entender a obsessão que temos em conservar tudo que podemos para manter alguém vivo, mesmo que seu corpo não esteja mais. Acho que só assim nosso próprio corpo aguenta e não desmorona junto.

5 comentários:

  1. Eu entendo a necessidade de uma despedida, de algo que faça tua ficha cair e que te ajude a perceber que nunca mais vai ver aquela pessoa que um dia foi tão importante.

    Velórios são chatos? São. Mas são um ritual de certa forma necessário, ainda que possam ser substituídos por outra forma de despedida.

    Ao passar por uma dor assim, por uma despedida forçada,quando vc esperava ainda conviver muitos anos com a pessoa, acho que o choque é muito maior e fica mais complicado pensar em uma maneira alternativa de fazer esse ritual de despedida.

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  2. São necessidades que assolam alguns, vezes mais fortes que eles mesmos, tão ligados à presença de entes tão queridos.
    Esse é o ínfimo entendimento que tenho sobre isso.

    Uma ótima semana para você(s).

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  3. É, eu também não consigo entender. E aí prevalece o jeito de cada um 'chorar' seus mortos.

    Vai saber...

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  4. Por mais que, graças a Deus eu nunca tenha passado por isso, eu consigo entender sim!

    Achar o culpado, fazer essa pessoa pagar, ganhar a indenização devida, ouvir falar ainda do acidente como modo do ente querido ainda ser lembrado, saber o motivo da falha para não acontecer denovo...

    São varios motivos, mas oq eles queriam mesmo é encontrar tds perdidos na ilha de lost!
    Quando a gente ama a esperança não acaba!

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  5. Eu acho que é tentativa de materializar a morte. Imagine uma pessoa que sai de viagem e não volta, morreu, mas parece que está lá ainda. Acho que é tentativa de convencer o cérebro pra convencer a vontade.

    bjo

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