terça-feira, 24 de maio de 2011

Poder e Caráter

Diretor do FMI é preso wm NY acusado de abuso sexual
Franceses acreditam que Strauss-Kahn foi vítima de complô
 FMI mexe nas regras de conduta sexual
Ex-diretor do FMI flertou com outras duas funcionárias do hotel, diz CNN


Em depoimentos do caso "Rubygate", uma garota afirmou que Berlusconi mandava que empregados buscassem uma estátua de Príapo, para que ela circulasse pela mesa nos jantares que promovia com jovens garotas, para que elas beijassem o órgão sexual da escultura. Quando o mundo já parecia suficientemente perplexo com a mistura de perversão e caduquice do Primeiro Ministro italiano, Dominique Strauss-Kahn rouba a cena com uma tentativa de estupro e cárcere privado de uma camareira de hotel em Nova Iorque. 

Há sempre os que acreditam em complôs, em uma suposta armadilha para tomar o poder  daqueles que o detém. Particularmente, duvido dessa possibilidade. Hoje existem exames de DNA, e uma armadilha montada numa terra conhecida por ter uma das mais eficientes unidades policiais de combate a crimes sexuais estaria fadada ao fracasso.

Assim como Fernando Henrique Cardoso, creio que o poder não corrompe, mas sim revela o caráter. Muito mais plausível crer no hediondo: crente de que uma camareira imigrante africana seria incapaz de fazer qualquer arranhão em sua vida, DSK sentiu-se especialmente acima de quaisquer julgamentos morais e éticos, e violentou a funcionária do hotel. 

Independente da deformidade de caráter que um indivíduo traz consigo, o poder que ele detém muitas vezes traz junto a coragem para não mais refreá-lo. Nota-se isso tanto na conduta de Berlusconi e Strauss-Kahn, como no discurso de gente como Jair Bolsonaro, e em episódios como o assassinato de Ana Lídia, ou ainda a "zona nobre" de Brasília revelada pelo caseiro Francenildo - a República de Ribeirão, e até mesmo o mensalão. 

Perde-se o pudor e a vergonha, seja para atos de violência, ou para carregar dinheiro público em cuecas e meias, tudo isso pelas simples relações de poder que os colocam ligeiramente acima do "cidadão comum". O mesmo ato abominado pelo cidadão comum e honesto, o poderoso pratica tranquilo, desde que não seja tornado público.

E assim seguimos nós, cegos guiados por mestres na arte de nos enganar.

4 comentários:

  1. É, não acredito que seja complô...

    O mais provável é que ele tenha duvidado da coragem da mulher de denunciá-lo, ou que a denúncia não seria levada a sério, como vc disse, não arranharia a imagem dele.

    O problema é que muita gt a imagem de "tarado" é atribuída só a peões de obra... O cara de terno muitas vezes fica imune, pq a sociedade o absolve e culpa a vítima.

    Ou então, ele é licenciado para ser tosco, como a Itália parece fazer com Berlusconi, como o Brasil com Palocci.

    Talvez isso demonstre o machismo da sociedade em geral, o cara machão, mulherengo, que sai por aí catando todas, até mesmo a força, é admirado pelos outros, e consegue subir na vida pq isso não é visto como problema, na verdade é invejado...

    Enfim... triste. =(

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  2. "Independente da deformidade de caráter que um indivíduo traz consigo, o poder que ele detém muitas vezes traz junto a coragem para não mais refreá-lo."
    é isso aí Lana...

    E tem o caso brasileiro do goleiro Bruno tb!
    Mesmo nesse país de coronelismo, neste caso o cara ficou preso, espero q sirva de lição aos famosões metidos a donos do mundo!

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  3. Não avalio este caso por informações da imprensa. Sou muito comedido com relação a isso.
    Agora "camareira forja estupro para estorquir o diretor do FMI" é a cara da veja :P

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  4. e fica a pergunta: seria censura barrar tais pessoas de expor tais pensamentos como Jair Bolsonaro ?

    hummm

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