segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Rock in Rio - o contraponto

Rock In Rio

Veja a programação

Para ser bem verdadeira, acho que venho passando por um período iluminado e tolerante, que vem procurando ver um pouco além da fumaça, colocar na balança... Uma quase insuportável tendência à justiça. Então vou expressar um pouco do que tenho achado desse bafafá de Rock In Rio antes que eu mude de ideia. 

Quem não lembra dos questionamentos quanto ao "Rock In Rio Lisboa," apontando que alguma coisa estava fora da ordem? Todos sabemos, mas parecemos ter esquecido. O nome virou marca. Isso dá o direito de desvincular o evento do produto, do local. Pode ter axé no Rock in Rio, assim como ele pode ser em Lisboa ou no Sri Lanka. Assim como no sábado eu comi pizza na Churrascaria Espeto Gaúcho. Simples assim.

Também não é preciso ser um gênio da propaganda e das estratégias de mercado para perceber que o apelo à diversidade de público garante volume, presença, gente, DINHEIRO. Não é à toa que 100 mil ingressos diários foram vendidos.

Que não seja entendido como defesa nenhuma da Cláudia Leitte, até porque eu não tenho qualquer flanco de simpatia pela moça. Não é isso. E lembremos que ela não foi a única a pagar mico. Também não sei o tamanho do credito que dou à galera metaleira efusiva que vi ontem à noite. Falo da galera “twittermetal”. Aos bate-cabeça que estavam lá ao vivo, todo o crédito do mundo. Foi pesadíssimo!

Estranho também que os cult-bacaninhas de plantão que reclamavam a falta de rock, nada diziam sobre as atrações quase silenciosas como Tulipa Ruiz, Milton Nascimento e Bebel Gilberto. E olhe que ainda faltam Marcelo Jeneci, Joss Stone e Tiê, por exemplo. Talvez pegue mal falar que Marcelo Camelo, Esperanza Spalding e Mariana Aydar não fazem rock. Melhor velar.

Ninguém é obrigado a consumir o produto. É o público que faz, mesmo que indiretamente a programação. Desde sempre. Desde que jogaram latinhas no Carlinhos Brown em 2001. Se não tivesse ninguém que consumisse a música dele, ele não estaria lá.

Assim como governos, cada povo tem os festivais que merece. E eu tendo seriamente a acreditar que o que tem que ser revisto mesmo são os gostos, o acesso à cultura, a produção, o poder da mídia em criar celebridades instantâneas, etc, etc.

Se considerarmos a Cláudia Leitte ou qualquer outro axé ou coisa que o valha o próprio desastre, o que dizer da multidão que os segue num trio desses de micareta por aí?

Toda crítica é válida e legítima. Sempre. Mas acho melhor quando ela se amplia num diâmetro maior que o do nosso umbigo. Pelo menos tenho achado assim. Quem concordar, aproveita, que pode ser por tempo limitado e no próximo fim de semana posso estar falando mal do show do Martinho da Vila...

2 comentários:

  1. Então, concordo com o q vc falou.Qdo se fala de rock in rio, não se pode esperar outra coisa...
    Mas não tiro o direito da galera reclamar, a crítica é plausível.
    Se a marca é incoerente com o evento, isso sempre vai acontecer.. Aliás, não só com eventos. O caso da bebida alpino,por exemplo, é um clássico disso. A diferença é que em certos produtos, e o rock in rio é um produto, existe a patrulha dos direitos do consumidor, que acabou obrigando o fabricante a ser mais claro a respeito do conteúdo.

    Toda polêmica iria pelo ralo se o tal Medina abaixasse a crista e fizesse um comunicado: "O nome Rock in Rio é meramente ilustrativo, o festival contem rock mas não é composto exclusivamente por esse estilo musical".

    iauahauahua

    O perigo é que ele acabasse sendo obrigado a deixar de usar o nome ~Rock~, como aquelas coisas que ainda se chamavam de Requeijão, e agora vem com o nome correto: "especialidade láctea à base de requeijão".

    Enfim, poderia ser "Festival de música baseado no Rock in Rio original" iauahauahua

    Bem, vou parar de viajar aqui!

    De qq forma, curti o post, concordo com o que foi colocado... só acho q é mto natural que as pessoas continuem cobrando rock de um festival q leva rock no nome. =)

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  2. Olha, confesso que eu como uma boa insatisfeita, tenho uma programação aqui na cabeça que me deixaria muito satisfeita, mas... é bem isso q vc falou, se tá lá é pq vende, e ninguém faz festival de música hj em dia por amor, né!?

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