Todos os números por trás de 35%

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Com o aumento do IPI, quem perde é o comprador de carro
Novas montadoras podem rever investimentos no país, diz Miguel Jorge
Anfavea defende aumento do IPI

Apresento algumas informações e estatísticas:

•  Os membros da Anfavea trabalham com margem de lucro 300% superior à média mundial. Já os membros da Abeiva tem lucro 250% superior à mesma média, por isso mantém preços menores.

• As indústrias membro da Anfavea (únicas que atendem às "exigências do governo"), não terão IPI majorado em nenhum caso de importação.

• Os membros da Anfavea são responsáveis por 75% das importações de veículos no Brasil.

•  Um veículo importado no Brasil tem tributação entre 120% e 428% superior a qualquer lugar do planeta.

• O consumidor que quiser comprar um veículo da Abeiva  pagará até 28% a mais por isso, o que pode significar entre R$ 7.000,00 e R$ 18.000,00, nos segmentos de carros chamados de "populares", e mais que R$70.000,00 em carros premium.

• As principais empresas afetadas pela elevação de IPI são responsáveis hoje pelo volume de 3,3% das vendas de automóveis no Brasil e 25% das importações.

• Uma indústria recém-estabelecida no Brasil leva de 3 a 6 anos para conseguir atingir 65% de nacionalização das peças necessárias para sua produção.

• As duas maiores empresas afetadas pelo aumento de IPI investiram juntas nos últimos cinco anos mais de 4 bilhões de reais no Brasil, gerando mais de 30 mil empregos.

• Uma pequena afetada pelo aumento do IPI está desistindo de montar sua primeira fábrica no Brasil, deixando de gerar 3,5 mil empregos diretos e 10 mil empregos indiretos, além de não realizar um investimento de 600 milhões de reais.

• A "contra-partida" exigida pelo governo é 0,5% do faturamento em investimentos em pesquisa e desenvolvimento pelas empresas beneficiadas, um valor irrisório se comparado às intenções de investimentos das importadoras antes do anúncio do IPI majorado.

Agora, minhas considerações:

Sou a favor da legalização do lobby. Assim ao menos a gente pula a parte nauseante na qual o governo faz de conta que está fazendo um grande bem, quando na verdade só disfarça que está cedendo a pressões, que não manda em porra nenhuma, e que só faz o que interessa a meia dúzia de mafiosos.

Existem grandes mentiras contadas por esse governinho e pela Anfavea a respeito da alta do IPI. Os números acima servem para elucidar essa questão. 

Basicamente, a filosofia do IPI majorado é: você pode trazer um Fiat Freemont, ou um GM Malibu. Você não paga mais IPI por ter um Dodge inferiorizado e rebatizado (Freemont), ou a queima de estoque de um carro que não é mais vendido nos EUA por estar ultrapassado (Malibu). Você só não pode trazer um Picanto 1.0 pra bater num Fiat 500 1.4, ou um J3 Turin 1.3 pra bater num Prisma 1.4. Entendeu? 

Eu já mencionei que o presidente da Anfavea é também presidente da Fiat, a máfia italiana expulsa do mercado norte-americano na década de 90 pelos consumidores? A Fiat fazia (e faz!) carros tão ruins, que ninguém os comprava, e foi obrigada a encerrar suas operações por lá, fazendo do Brasil seu grande reduto, porque aqui a gente compra qualquer coisa e paga muito por isso. Na Europa, a Fiat goza da mesma confiança que damos à Liffan por aqui.

Devemos considerar ainda essa questão de proteger a indústria nacional. Acho esse patriotismo lindo, e mais bonito ainda quem acredita nisso, pois eu não sei de uma só indústria brasileira de veículos. Inclusive, a única que tentou, a finada Gurgel, encontrou seu fim justamente por tentar enfrentar a mesma panelinha que pressionou o governo por um IPI diferenciado para parte dos importadores de veículos.

A indústria de autopeças brasileira é tão, tão, tãããão eficiente e competitiva, que nem alí no Chile ou na Argentina as pessoas tem coragem de usar braços de suspenção "Made in Brazil". Carros "Made in Brazil"? Nunca! Jamais entrariam em qualquer mercado do mundo, exceto, talvez, nos países da companheirada. Quem sabe Hugo Chavez compre um carro brasileiro? Ahhhh, não! Ele preferiu chamar uma montadora chinesa para fazer carros na Venezuela.

 O senhor Ministro da Fazenda diz que é para não "exportar empregos". Ei, mas e os empregos que deixamos de criar ao fechar as portas para quem queria se estabelecer aqui? Não estou falando apenas de JAC. Temos Mazda, MG, Audi, e até mesmo BMW e Volvo, que tinham planos de expansão de suas operações no Brasil, e estudavam colocar montadoras aqui.

Blocos econômicos como a União Européia, e países como Japão, Alemanha, Estados Unidos e China estão reavaliando suas relações comerciais e investimentos no Brasil, e corremos risco de sofrer processos e sanções no âmbito da OMC, graças à nossa inteligência competitiva.

Diante disso, eu pergunto:

É de empresas assim que o Brasil precisa? Devemos proteger essas indústrias em troca de uma irrisória "cortesia" de investimentos de 0,5% de seu faturamento bruto, enquanto lucram aqui 300% a mais que em mercados onde não se firmaram por pura incompetência?

Você, caso tivesse uma indústria de qualquer ramo e quisesse buscar novos mercados e parcerias, iria investir em um país que, no meio do jogo, muda todas as regras para proteger a hegemonia dos incompetentes?

Enquanto o governo heroicamente protege a "indústria nacional", quem está protegendo você, cidadão?