sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Mudar é possível, e preciso.


Querendo uma uma mochila nova, assim como fiz ao pensar em um celular novo, fui ao Google pensar em maneiras de mudar o mundo: procurei uma empresa que não explorasse mão-de-obra escrava e infantil, e que preferencialmente fosse amiga do meio-ambiente.  Dispensei Puma, Adidas, Fila, Reebok (que pertence à Adidas), e surpreendentemente, terminei com a Nike entre as candidatas.

 A necessidade é de fato a mãe das invenções e das mudanças. Hoje a estratégia da empresa é tornar os ativistas de direitos humanos seus próprios fiscais: a Nike recebe, apura as denúncias e toma providências, convidando os mesmos ativistas a conferir os resultados, além de conceder à Fair Labor Association passe livre para visitar aleatoriamente todos os seus fornecedores - ressarcindo despesas oriundas dessas visitas.  Desde 2005, toda a lista de fornecedores e cadeira produtiva da Nike é pública. e pela nova política da empresa, crianças encontradas trabalhando são indenizadas, e a empresa se certifica de que elas voltem a estudar.
Devido às dificuldades e falta de confiança em fornecedores, particularmente na China, eles tem cerca de 100 auditores, que realizam até quatro inspeções por ano em cada uma das pouco mais de 600 empresas fornecedoras, que tem produção suspensa em caso de irregularidades. Além disso, hoje em dia todo produto Nike é feito pensando em seu impacto ambiental desde o projeto inicial: a Nike está ficando mais verde, reduzindo a emissão de poluentes, utilizando componentes orgânicos e aumentando a biodegradabilidade de seus produtos.

Ainda assim, isso não significa que funcionários de fabriquetas onde a Nike terceiriza sua produção são bem pagos e felizes. Significa que eles não trabalham 15 horas por dia num espaço de um metro quadrado a uma temperatura de 40°C, e que trabalham conforme as "modernas" leis trabalhistas chinesas, guatemaltecas, taiwanesas...

Significa também algo importante: que é possível mudar, e que com planejamento, coragem e controle de ganância, ainda que vagarosamente, é possível melhorar as condições de trabalho no mundo: afinal, a situação dos trabalhadores desses fornecedores, mesmo ruim, é considerada aceitável porque existe quem submeta seres humanos a regimes de trabalho ainda muito mais degradantes.

Da mesma forma, fica clara a importância da opinião e das atitudes de consumidores na mudança da realidade industrial, comercial e trabalhista: seria muita ingenuidade crer que a consciência falou mais alto que o interesse comercial na maior fabricante de artigos esportivos do mundo, e que mudaram sozinhos.

Posso ser uma única pessoa, mas pretendo fazer minha parte por um mundo mais verde e humano. Não é possível um consumidor alegar inocência e irresponsabilidade sobre a situação do trabalho escravo ao redor do mundo. A cada produto adquirido, questione se ele antes passou pelas mãos de uma criança carente, para pregar um botão ou zíper, colocar uma tela de LCD, ou colar uma sola. Se a resposta ao questionamento for sim, imagine-se como você ficaria bem vestindo uma camiseta ou postando uma imagem no Facebook com os dizeres: "Eu apóio o trabalho escravo e infantil".

É um exercício válido, que se todos fizessem, ao longo do tempo não seriam mais necessários. Entretanto, se for o caso, posso passar a vida toda me exercitando sozinha. Mal não vai fazer. =)

8 comentários:

  1. De ovo em ovo.....podemos mudar o mundo. Quem sabe.

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  2. E td isso por causa de um simples tênis né Lana que vc poderia simplesmente ir no Shopping e escolher o da promoção!
    Parabéns mesmo pela iniciativa e por fazer essa pré seleção pra mim! Da próxima vez já sei qual marca vou escolher!
    Imagina se outras empresas grandes pensassem nisso na hora de escolher seus fornecedores? Teria um impacto muito maior! Enquanto isso, faremos nossa parte, lei da oferta e da procura né?!

    Mas me conta como vc fez essa pesquisa?
    To precisando da tal LCD e não quero digitais de criancinhas!!!

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  3. Digite o nome da empresa + Child Labor. Ou nome da empresa + sweatshop no google, e leia tudo que encontrar a respeito.

    Dá trabalho mas funciona. =)

    Dentre as produtoras de eletrônicos, recentemente sei que a LG teve problemas, e ainda não tem normas internas específicas para coibir tais práticas.

    A Samsung tem um programa de combate a trabalho infantil e escravo, assim como um programa de melhoria das condições de trabalho, mas não sei o quanto funciona, precisaria de pesquisas mais específicas. A Sony também.

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  4. Em 1998, foram instituídos princípios fundamentais da OIT independentemente da ratificação dos países que fazem parte, os quais se incluem o combate à escravidão e à escravidão infantil.

    Aos países que não são signatários, restou medidas tomadas pela conscientização.

    Devagarinho o mundo vai mudando, e atitudes com as da Lana inspiram e dão o exemplo.

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  5. Acho ultra bacana a preocupação, Lana.
    Bom que todo mundo fizesse o mesmo. Fosse minando aquilo que é ruim pro mundo, desde um programa de TV, passando por um produto de mercado, até mesmo uma "celebridde" que vc segue no twitter. O consumidor faz a fama.

    Quanto à Nike... olha, ainda há problemas graves. E aqui, no Brasil. Em algumas cidades do interior, como é o caso de Quixeramobim (é o interior dos meus pais) a Nike produz tênis sob forma de cooperativa, que de empreendimento solidário, cooperado, só tem o nome.

    As jornadas de trabalho são absurdas, os direitos trabalhistas usurpados e as condições de trabalho extremamente precárias. Minha irmã já trabalhou lá. Ela sabe o que passou.

    Esse tipo de empresa é comum por aqui, herança de um pseudo-desenvolvimento forjado pelo modelo psdbista do sr. Tasso Jereissati, nos anos 90 - 2000, que ostenta um número enorme de empresas instaladas no estado, com condições tributárias generosas, grandes descontos em tarifas de água e luz, por exemplo, e de quebra, uma mão-de-obra vasta e barata.

    Nós sabemos como funciona uma cooperativa, que não é um empreendimento com vistas ao lucro e que os cooperados decidem sobre as "sobras". Nada disso acontece com a que produz tênis pra Nike em Quixeramobim e tantas outras, lá e em outros municípios.

    De lá, lógico, os tênis saem prontos e vão para o porto, receber nos EUA o controle de qualidade e o "carimbo do valor": a marca, em etiquetas, impressões e afins...

    É difícil saber disso, é difícil encontrar alguma grande empresa que saia "limpa" do universo de exploração do capital. Elas buscam essa "limpeza" com outras ações. A mesma Nike, há bem pouco tempo fechou parceria com a CUFA no RJ, onde oferecerá material esportivo para crianças carentes, além de apoiar um projeto...

    É um absurdo o que fazem com a boa fé alheia...

    ;-)

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  6. então herman, como já tinha falado com vc, tenho pensado sobre essas coisas. principalmente depois que o bafafá da zara despertou minha curiosidade e descobri que muitas lojas de departamentos terceirizam sua produção para fábricas que exploram pessoas...
    a alternativa que vi, foi optar por produtos de marcas menores, mais próximas, pelo menos. afinal, nem sempre a internet tem todas as informações.
    mas as vezes nt em como fugir, é a porcaria da globalização =(
    outra questão de pensar em consumir as marcas locais é reforçar a economia daregião, mas aqui em senador, é quase impossível, já que as lojas colocam preços tão altos que as vezes parece mais que estamos em um bairro nobre da capital, e não na periferia dela..
    mas enfim, são decisões que as vezes custam algo q nao poderemos substituir, mas e ai? precisamos mesmo de um iPod rpa viver? por mais que o som do iPod seja ótimo, desde que vi os suicídios das fábricas da china e outros dados assombrosos, resolvi q depois q o meu estragar n terei mais nenhum vinculo com um produto da apple
    espero apenas qee minha memória me seja fiel, q eu n esqueça esse propósito recente
    pq por mais que a tendência geral seja culpar o capitalismo selvagem, é preciso lembrar que nós validamos o capitalismo selvagem a cada compra impulsiva q fazemos
    gostei mto do texto
    =)
    bjo

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  7. Oi Lana
    Sou amiga da Bernadete Almeida da VALE e gostei do seu blog! Parabéns pelas iniciativas!!!
    Rachel Pessoa

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