quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Pessoas, pessoas. Negócios à parte.

Dilma: violações de direitos humanos acontecem em todos os países

Ah, bom, presidenta! Se é assim, tudo bem.

Já que todo mundo faz, ainda que uns façam mais que os outros (e bem mais, diga-se de passagem), a gente pode ignorar, relevar, etc e tal. Realmente, não deve depender da conveniência das relações comerciais. Violação de direitos humanos é condenável em qualquer lugar do mundo, e deve ser reprovada publicamente por todos, independente de qualquer outra coisa. Guantánamo, como bem citou a senhora, é um assunto incômodo, mas que vem sendo levado a uma solução, ainda que de forma morosa, justamente porque existe a cobrança.

Aliás, minha preocupação vem justamente de coisas assim: se mesmo com toda a condenação pública às violações dos direitos humanos, com toda a cobrança que existe no âmbito da diplomacia internacional pelo respeito a esses direitos, elas existem em todos os lugares, o que acontecerá quando a presidenta do Brasil começar a fazer escola, e por exemplo o senhor Obama repetir que isso acontece em todo lugar a cada vez que lhe reclamarem do tratamento dispensado aos prisioneiros de guerra americanos?

Discordo dessa "visita negocial", da mesma forma que discordo das relações comerciais com a China, e da prisão de Guantánamo. Tudo entra no mesmo saco, de coisas que não devem ser feitas. Ao contrário de dizer que "todo mundo faz, então não vou falar disso hoje porque vim pelo dinheiro", eu acredito que toda relação comercial deveria ser condicionada a melhoria dos direitos humanos em países que os desrespeitam sem qualquer cerimônia.

Entretanto, somos animais peculiares, e aparentemente, a dita "inteligência" e discernimento característicos dos seres humanos não nos trouxeram muitos bons frutos ao longo dos milênios. Afinal, aqueles que agem por instinto não escravizam sua própria espécie, e são mais contidos em seu comportamento predatório. 

Com tudo isso, quem nos protegerá de nós mesmos?

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