E no país do Fome Zero...

Manchete de ontem: Desorganização marca a distribuição de galinhada de chef famoso em SP 

Então foi assim: a semana toda a prefeitura – e todo o mundo –, animadíssima, avisando que a área gastronômica da Virada Cultural ia contar com a galinhada do Alex Atala, aka quarto melhor chef do mundo. A galera em casa, lendo a reportagem no G1, na Folha e em tudo quanto é lugar, falando que ia ser A galinhada. Aí o povo chega lá e não tem galinhada. Ou melhor, tem fila.

Preciso compartilhar com vocês que se tem uma coisa que atrai paulistano essa coisa é fila. Não podemos ver uma fila que vamos correndo desesperados em direção a ela, sem ao menos saber onde vai dar – ou pra que serve – como se não houvesse amanhã. Aí a galera esperta chega com três horas de antecedência pra curtir a delicinha da fila e na hora que vai abrir a barraca da galinhada o povo maroto que não curte uma fila avacalha todo o esquema e ficam todos sem galinhada.  

Resultado: bagunça, pancadaria, nada de galinhada. A moçoila da entrevista ainda fala, feliz, que não pegou fila e conseguiu sua galinhada porque se jogou na muvuca. Imagino o que a tiazinha que estava lá na posição 60 (sem senha) vai imaginar quando ler isso.

Sempre que acontece esse tipo de coisa eu me lembro dos bolos de aniversário de SP que não tem fila – vejam só! – e que dificilmente duram mais que oito segundos. E, claro, isso é noticiado como a desgraça-mor da humanidade, com imagens do Rei Leônidas de sunguinha se jogando contra os gregos (o bolo) e gritando “This is San Paolo!”(bem facebook). Chocante. - Não tenho a montagem. Se alguém quiser fazer, fica a dica.

No final das contas, metade do povo que queria galinhada ficou sem. E vão lá, no chiquérrimo restaurante do Alex Atala, pedir galinhada em protesto. Tô achando que eu também vou, afinal, a fila pode ser proveitosa.  Mas o que importa mesmo dessa vez é que o povo continua com fome.  Fome da galinhada do Alex Atala, mas ainda com fome.