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segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Acho que as próximas férias escolares vão demorar !




Manchete de Ontem: Reposição de aulas em universidade pode ir até 2015

Todo mundo que fez faculdade sabe do momento único que é "se formar". A sensação única de receber o diploma e fazer questão de olha-lo de cima pra baixa, ao contrário, ler, reler e ver que você finalmente conseguiu. Imagine que linda cena, finda do ano de 2015, você de beca, recebendo o grande diploma, todos os seus pais e amigos, você olha para  ver seu diploma e lê com orgulho "Formando em <insira seu curso aqui> de 2012".


Pois é, sei que greve é um direito tanto do professor quanto do aluno, sei que o ensino anda sucateado, sei que o governo deve (e tem meios de) corrigir todos os erros que existem na educação. Mas veja você, uma greve que durou quase cinco meses vai prejudicar muitas pessoas em anos. Quantos alunos não perderam oportunidades por causa dessas greves ? Quantas empresas deixaram de investir em estágios e projetos ?

Pois bem, quando eu ainda fazia faculdade vi algumas greves, poucas mas vi.Estudava em campus de tecnologia e, interessantemente, era um dos poucos campus a aderir totalmente a greve. Talvez pelas matérias difíceis, algumas vezes por não concordar com a ideologia, mas, o que fazia mais sentido, muitas vezes para o instituto ou grupo não perder a bolsa de uma grande empresa que patrocinava o projeto de pesquisa, pois uma vez em greve não tem pesquisa, sem pesquisa não tem resultado, sem resultado a empresa não paga e ainda rescinde o contrato, sem contrato não tem dinheiro para manter o super computador ligado.

Obviamente que as partes que aderiam a greve muitas vezes não tinham o apoio de um capital externo tinham a ideologia que essas empresas "compravam" os estudantes que não era certo eles continuarem estudando e não apoiarem a greve. Lembro que em umas dessas greves um representante dos estudantes pediu para falar em uma aula, e veio com a historia de que nos alunos deveríamos apoiar os professores e "aderir" a greve , uma vez que os alunos também deveriam ajudar a pleitear melhores condições.

Pois ele foi questionado sobre faltas e a perda de aula, o mesmo prontamente disse que ninguém iria ter faltas e não seria reprovado. Questionamos o professor da aula ele simplesmente disse que não estava de greve e aluno fora da sala era falta e reprovava sim.  Pressionado de novo o representante não soube dizer como proceder, uma vez que, se existe o direito a greve, existe o direito a não adesão a greve. Acabamos por não dar ouvidos a ele, e até fazendo graça, que só iriamos aderir a greve nas aulas fáceis ou chatas.

Hoje, pensando nisso, questiono quantos estudantes foram prejudicados indiretamente, quantos vão ter que refazer uma materia porque os "colegas" não o deixaram entrar na aula e o professor o reprovou. Pergunto quantos desses estudantes e professores realmente fizeram valer essas greve. Pois sinceramente, ao meu ver, o máximo que conseguiram foi atrasar as férias de muita gente pelos próximos anos. Agora fiquei curioso pra saber se aquele representante dos alunos já conseguiu o diploma, ou ainda está em greve...


domingo, 26 de agosto de 2012

"Campanha, campanha, educação à parte." - provérbio político brasileiro

"Não há como no Brasil se fazer qualidade da educação sem pagar bem o professor. (...) O professor, pra ser valorizado, ele precisa de ganhar bem, e mais: ele precisa ter formação continuada. Não se pode, também, estabelecer com o professor uma relação de atrito quando o professor pede melhores salários: recebê-los com cacetete, ou interromper o diálogo". 
- Dilma Rousseff, Candidata à Eleição Presidencial 2010, durante o último debate entre candidatos, realizado pela Rede Globo (2:55 do vídeo).

Manchete de Ontem: Governo diz que não negocia novos reajustes salariais com grevistas

Dizem que quando presidente, Fernando Henrique disse sobre seus livros "esqueçam tudo o que eu escrevi". Ele diz que jamais proferiu tal sentença, e não há realmente registros de que o tenha feito. Ainda assim, as palavras foram assimiladas de forma irreversível pela população brasileira. 

Por quê?  Porque é muito normal, no Brasil que a pessoa seja uma durante a campanha e sua vida pregressa, e outra totalmente diferente depois de eleita. É "normal" que um político, a cada projeto de lei votado ou sancionado, a cada ato de governo, grite em nossa cara "esqueça tudo que eu disse", e dê uma risada maligna depois. 

Em 1932, o educador mineiro Fernando de Azevedo redigiu um documento, entitulado "Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova: A Reconstrução Educacional no Brasil - Ao Povo e Ao Governo". O manifesto foi assinado por alguns educadores e intelectuais brasileiros da época, inclusive Cecília Meireles. Oitenta anos se passaram desde então, e infelizmente, o documento segue mais atual do que qualquer cidadão brasileiro gostaria. 

Eu temo pelo futuro dos brasileiros. Pelos próximos 80 anos, pelo menos. Porque a Candidata Dilma, assim como Fernando de Azevedo, tem razão: não há como construir uma educação de qualidade sem valorizar os educadores, e não há como progredir de verdade se não através da educação. 

Pela falta de educação de qualidade, o brasileiro é indiferente aos movimentos trabalhistas e questões governistas: é impensável uma greve geral aqui como a que se deu na França recentemente. O ápice de nosso engajamento em prol de causas coletivas se deu na Marcha Contra a Corrupção, que já esfriou, como todos os políticos esperavam. 

Não temos fôlego ou tempo para protestos, estamos muito ocupados em nossas conchas para pensar "no povo brasileiro". Não percebemos que no final das contas, o tal "povo brasileiro" somos nós mesmos, nossos amigos, a família de todos nós, os amigos dessas famílias, e assim por diante. 

Por falta de educação, somos um povo tão vazio de empatia e preocupação com esse coletivo, tão insensíveis às necessidades das classes trabalhadoras e minorias que não fazem parte de nossos círculos cotidianos de relacionamento, que nas rodas de conversas chamamos aqueles que buscam seus direitos através do movimento grevista de "vagabundos". 
Consideramos absurdo que uma babá receba R$ 1.500,00, aquela à qual confiamos nossos frágeis filhos pequenos, e ainda reclamamos quando ela não pode comparecer ao trabalho porque perdeu 7 horas na fila do SUS levando seus próprios filhos ao médico. 

Por excesso de ignorância, o Brasil está preso em algum lugar antes de 1850: aqueles que nos servem, deveriam fazê-lo de graça e levar chibatadas no caso de recusa.  Em nossa ignorância, somos incapazes de perceber que nossos filhos serão vítimas futuras do descaso com a educação promovido hoje, e que isso não está relacionado à escola na qual ele estuda hoje, mas com a sociedade na qual ele viverá daqui a alguns anos.

A "Presidenta" Dilma sabe o mesmo que a Candidata Dilma sobre a educação: a ignorância e alienação é resultado da má educação.  Pela escola que tivemos no passado, não estamos preocupados com os professores de hoje. Ela sabe: é irrelevante o que tenha dito durante a campanha. Não importa o que ela faça com os professores hoje. 

Nós não nos importamos, e não nos manifestaremos por eles. 



*Nós, o coletivo, a "população em geral". 
Eu, individualmente, dou total apoio à luta dos professores por condições dignas de trabalho. Assim como a toda classe trabalhadora.