segunda-feira, 6 de junho de 2011

Marcha, soldado


Não sei se é só comigo, mas a impressão que tenho é que andam nos sufocando por aqui. Pecados e proibições são pauta na imprensa e grito na boca daqueles que como eu, acham que “alguma coisa está fora da ordem.”

Mas eis que alguns militares resolvem dançar o hino nacional em ritmo de funk e o que se espera, depois dessa profanação é uma bela punição a estes que cometeram tamanho crime. Crime??? Pois é.

O "crime" certamente será descrito nas páginas do processo como um desrespeito absurdo a um símbolo nacional. Eu, honestamente, não consigo ver além de um momento de descontração, uma brincadeira. Eu mesma, durante os quase 12 anos que estive como professora, não costumava cantar o hino nos eventos cívicos e até me perguntavam se era proque eu não sabia. Não compartilho desse nacionalismo imposto e não nego, o hino até me arrepia na Copa do Mundo. Mas é só. Interessante é que nesse período os símbolos nacionais estão todos à venda, nas lojas, nas calçadas, estilizados, sem qualquer requinte ou formalidade.

Símbolo nacional pra mim, de fato, é o povo e o respeito aos seus direitos, à sua dignidade. No mesmo período o jornalista Pimenta Neves foi, enfim preso pelo assassinato da namorada, crime pelo qual já havia sido julgado e condenado, mas continuava gozando da liberdade para ouvir funk, dançar ou ver jogos da copa do mundo. Foi preso, ficará sob regime fechado por dois anos e depois usufruirá das benesses do semi-aberto. Isso sim é imoral. Isso sim é crime. Esse e tantos outros desmandos por aí.

Não me comovo com esse nacionalismo nem choro saudosismo militar. Se houve indisciplina, vá lá, que se corrija, que se reveja. Mas dentro da dimensão adequada. E que repensem esses excessos. Que percebam, enfim, que o convencimento traz mais resultados que o autoritarismo. Que possam curtir o hino, seja em rimo de funk, cantado pelo Luan Santana ou pela Vanusa. Mais que isso, que possam se orgulhar do colo cuidadoso da pátria mãe gentil, por tantas vezes madrasta.

P.S.: Oi, eu sou a Moni, sou nova por aqui. Tudo bem? Obrigada por me receberem... E a gente vai se falando! ;-)

4 comentários:

  1. Antes dançar funk ao som do hino nacional, em vez de envergonhar o povo atirando balas de borracha e bombas para dentro de uma universidade federal durante um protesto pacífico (sim, pacífico!) de estudantes contra o aumento abusivo de passagens de ônibus. Isso ocorreu nos últimos dias 02 e 03/06/11 aqui em Vitória-ES: muitos estudantes feridos.
    O que quer a formação militar?
    O maior símbolo que um país pode ter é a coragem de um povo que luta por seus direitos!

    Excelente, texto!!! Caiu como luva para os acontecimentos recentes daqui!
    Bjoss

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  2. É, é um contraste, né?
    Crimes inofensivos são punidos rapidamente, mas o mesmo não acontece com aqueles que colocam a vida das pessoas em risco, ou eliminam a vida.
    =(

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  3. Ah não sei mas desde o começo do texto qnd li a palavra funk pra mim eu já tinha achado o vilão!

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  4. Sabe, as coisas que tenho lido, visto e ouvido sobre o que temos vivido ultimamente (homofobia, drogas, corrupção, atrevimentos diversos) me faz pensar: Já não tinhamos isso antes? Ou é tudo novo? Não quero proclamar revoltas, mas quero expressar meu raciocinio. A corrupção em TODOS os niveis da sociedade chegaram ao absurdo caos. O desrespeito à cultura, ao país chegou ao ponto dos proprios militares difamarem não apenas a nossa bandeira, mas nossa identidade como brasileiros, como nação. Isso não é corrupção? Proibições: Ora, qunado criança, eu ouvia os adultos chamando os outros de bicha, viado, sapatão. O tratamento da homossexualidade não era normal, mas não era uma questão de marketing... tipo: "Parada gay hoje às 22 no boite talz" "Desfile de GLS na avenida em comemoração do dia da camisinha". Acredito ainda na moral familiar e na opinião e expressão individual de cada um. Não sou contra aqueles que desejam a homossexualidade para suas vidas, mas não compartilho de transformar a homossexualidade em um ato publico. Ser heterossexual, homossexual ou seja lá o que quiser ser, deve ser um ato individual, da escolha única e pessoal e não fazer propaganda e impor a opção sexual como fosse moda. Não é.
    Liberdade de expressão é posicionar-se no pensamento sem que imponha os seus pensamentos aos dos outros. Ouvir funk, é realmente uma liberdade que não me agrada, bem como Luan Santana, Gretchen, Vanusa, Roberto Carlos, Tonico e Tinoco...mas é a opção musical de cada um. Isso deve ser respeitado. Os militares com funk? Tirando ser o funk com hino nacional, poderiam fazer até striptease que aconteceria no máximo é uns dias na jaula.
    Acho que escrevi demais e coisas que nem entram no contexto do texto da Monica. Mas achei um local pra soltar o verbo.
    Parabéns !!!

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