quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Independência só com casamento?

Estar sozinho não é ser solitário


Ontem estava conversando com meu pai, e descobri que ele tinha um plano na cabeça: ou eu saio de casa para casar ou fico morando com ele e minha mãe até enterrá-los. Dei risada, mas ele estava falando sério. Acho que é um problema mais das mulheres, homens não sofrem muito isso.

Então, achei que seria mais honesto, da minha parte, mesmo que houvesse alguma discussão, explicar que não me prendo a isso, posso morar sozinha no meu apartamento, com a parede da cor que eu quiser e com tudo do jeito que eu planejar, até porque também tenho essa vontade imensa. Meu sofá doido, minha parede pintada por eu mesma, um globo e um mapa pregado na parede (eu sou meio brega). E que, o futuro a Deus pertence, eu posso encontrar alguém e tudo mais, contudo eu não tenho problemas se continuar sozinha. Não vou ser solitária por causa disso.

Ele veio com uma resposta com aquela frase que eu detesto: “Vai pegar mal para mim. É estranho, eu moro na mesma cidade que a minha filha mas ela, mulher, vai morar sozinha? Os outros vão ficar achando esquisito, a sociedade fala.”

Oi, eu não sou refém da sociedade. Nem quero depender de me casar com alguém para sair de casa. E nem quero conquistar minha independência financeira sem conquistar a minha liberdade. Liberdade mesmo, sem hipocrisia. Eu quero me agradar e agradar os outros com minhas boas atitudes, não com meu modo de vida.

A sociedade morre. Se renova. As pessoas que fazem parte dela são enterradas, vão embora. E, enquanto vivem, vivem de acordo com a “democracia da maioria” causando preconceitos, desigualdades e privando as pessoas de fazerem o que bem entendem. 

Pois bem, eu não vivo para a sociedade. Vivo sob as regras da casa, porque não sou eu que me sustento, sempre deixei claro, senão eu já tinha arrumado meu próprio canto, não por rebeldia, mas porque eu tenho vontade. Mas houve aquele “a casa caiu” quando eu contei os meus planos. Não sou homossexual, mas sou a favor do reconhecimento dos direitos de quem é. Não faria aborto (a princípio, porque tudo é relativo, sei lá, não estive na situação), mas eu sou a favor da legalização. Eu sou católica, mas acho que padre deveria se casar, se quisesse. Dou minhas roupas/sapatos/coisas para quem precisa. Também não concordo com crucifixos em repartições públicas e feriados santos. Não quero namorar agora porque tenho outras ideias e tive decepções ainda não curadas. Enfim... não vou fundamentar cada opinião minha porque não é o caso, só que essa sou eu.

Mas a sociedade quer que eu não tolere os gays, quer que eu não tolere o aborto, quer que eu pague o dízimo e feche meu vidro do carro no semáforo, querem os feriados santos para as viagens e as imagens nos locais de trabalho público, querem que eu namore para não ser a solteirona? E que eu me case, porque ficar só é solidão? E não venham me dizer que não é assim, porque na hora de emitir opiniões, todo mundo é “a favor de um mundo sem desigualdades”, mas muita gente não assume o seu lado “sou robô da comunidade que vivo”,” não admito publicamente e em casa eu ensino para os meus filhos esses valores 'que julgo tradicionais'.”

Eu penso que antes só do que mal acompanhado, sim... não é por isso que eu vou deixar de realizar as coisas que desejar. 

E meu pai, finalmente, mudou o jeito de pensar. Felizmente!

8 comentários:

  1. Acho que o principal igrediente pra um relacionamento dar certo é o autoconhecimento por parte dos parceiros. Se você não sabe do que gosta, não se conhece bem, como pode se relacionar com outrem? Suas vontades e opiniões acabam se confudindo com as do outro e isso é muito negativo.

    Infelizmente tem muita gente pra impor tradiçoes falso-moralistas às mulheres, mas acho muito satisfatório confrontá-las e mostrar sucesso diante disso.

    Vá morar sozinha e solteira e mostre como sua vida será melhor que a de uma mulher que casa e tem filhos com pouca idade e sem condições financeiras para tanto.

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  2. Acho que é importante saber ser independente antes de se prender a alguém. Até pq a dependência dentro do relacionamento mais cansa o parceiro do q satisfaz, e tem mto a ver tb isso do autoconhecimento que a Badonis falou...

    Sobre isso de morar com os pais, eu não tenho planos de deixar os meus a não ser que eu mude de cidade. Já tive o tempo de ter meu apto e td mais, e a verdade é que me sinto mto confortável sem ter que me preocupar com os detalhes de ter uma casa só pra mim e com a geladeira se enchendo sem que eu tenha que ir ao mercado. No meu apto, minha geladeira ou tava cheia de coisa mofada ou tava vazia. Já me sustentei sozinha, hj eu tenho casa comida e roupa lavada de graça... Mas isso não interfere na minha relação com meus pais, nem me sinto mimada, o dinheiro que eu economizo há de ser bem aplicado.

    Mas meus pais são mto de boa e isso colabora bastante. Pode ser que eu venha a mudar de i´deia, e resolva caçar um rumo para uma moradia só minha, mas acho que meus pais não seriam contra, principalmente se eu resolvesse ter um gato... eles ficariam até aliviados com a minha mudança. uiahauahauahua

    De qualquer forma, acredito que ser sozinho, estar sozinho, se virar sozinho... é sempre uma delícia! Mesmo q n seja sempre, mas pelo menos de vez em qdo, ~é uma delícia tirar um tempo para si mesmo, descobrir novos hobbys, aprender a cuidar de si... Pena que muita gente passa pelo mundo sem experimentar isso, principalmente as mulheres.

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  3. Helen, primeiro: excelente reflexão.
    Não poderia estar mais de acordo com você ou com a Badona e a Norora.

    Eu moro sozinha, por enquanto, e tenho os mesmos pais de boa que a Ana B., afinal somos irmãs, hehe.

    Fui morar só por conta de trabalho, e desde então adquiri hábitos diferentes de meus pais. Não necessariamente hábitos virtuosos, mas que me agradam - como jogar video game no final de semana praticamente inteiro, dormir até 15 horas da tarde no domingo e passar o dia todo a leite porque não quero fazer comida só pra mim ou sair pra comer algo na rua...

    Minha geladeira é tão caótica quanto a da minha irmã era, mas eu comprei um filtro pra não precisar comprar água como a Norora, que às vezes ficava sem porque esquecia que acabou, hehe.

    Eu acho primordial a preservação do indivíduo. Pode morar sozinho, com o amigo imaginário, numa república ou com a família (seja ela formada por você + pais ou você + um terceiro de sua escolha), mas o indivíduo tem que ser preservado.

    Tenho um relacionamento muito bom, com planos muito próximos de uma residência em comum, porque acredito que nos preservaremos "indivíduo" mesmo na existência do coletivo. Não fosse isso, seguiria feliz morando sozinha (na verdade com 4 adoráveis gatos), levando a vida do meu jeito e sem preocupações com as opiniões alheias.

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  4. Na verdade, herman, lá em casa faltava agua pq eu tinha agonia de entregador, qto tava com agonia de gt.

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  5. É difícil se livrar das amarras da sociedade, mas é possível. Assim como solucionar um conflito de gerações e você conseguiu! Muito bom! ;)

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  6. Algumas das suas críticas são válidas, sim. Acredito que todos podem ter a sua independência financeira e social. Todos deveriam conquistar os seus bens materiais sem precisarem dos pais.

    Famílias tradicionalistas sempre existirão, não há como fugir disso. Pais que sonham em ter as suas filhas casando de branco na igreja também.

    No entanto, argumentar que não se envolve em relacionamentos por medo de se machucar é um papo derrotista e praticado por pessoas que não conseguem lidar com frustrações pessoais.

    Se você realmente não se importasse com o que a sociedade pensa, não teria tanto cuidado em citar que não é uma pessoa preconceituosa em seu post, além de tentar colocar atitudes "políticamente corretas" como "não fechar o vidro no sinal".

    Fechar o vidro no sinal, no país onde vivemos, infelizmente é uma medida de segurança e não "falta de solidariedade" ou "falta de senso humanitário"

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  7. Pode ser que eu não consigo mesmo lidar com frustrações pessoais. Eu fecho o vidro do carro no semáforo, mas não queria que fosse assim. Deixo aquele pouquinho aberto para tentar conversar com a pessoa, mas já corri perigo por causa disso. Só que existe um incentivo por trás dessa "insegurança" na vida em sociedade, a sustentação da desigualdade, e isso eu acho hipócrita: ajude, porém, isole?

    Não tive cuidado em citar que eu não sou preconceituosa, nem tentei colocar atitudes "politicamente corretas", essa já é sua interpretação.

    Lá vamos novamente aos "anônimos". Olha, não é porque vcê vai discordar ou vai achar qualquer coisa sobre mim, que deve ficar no anonimato. Eu respeito quem pensa diferente, quem acha coisas diferentes, até cresço e repenso.

    E na minha opinião, é muita infelicidade e covardia não declarar o nome, é uma opção, fato. Só que para vcê, deve melhor ficar no anonimato mesmo, do que dar a cara para bater,... pois é preciso muita personalidade para se expor o que pensa. E a personalidade começa primeiro em assumir quem é. A começar pelo nome.

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  8. Vivemos em um regime de desigualdade: o capitalismo; Nada com "insegurança" ou "sociedade". É o nosso regime de governo que favorece as desigualdades. Visto que não moramos em Cuba, as pessoas agem de acordo com o modo adotado.

    Você ajuda o seu vizinho / amigo / colega de trabalho. Você ajuda os menos favorecidos como pode. No entanto é uma utopia pensar que poderá um dia deixar a sua casa aberta, carro destravado ou seus filhos brincando até tarde na rua. Mas, volto a dizer, quem favorece as desigualdades sociais e os problemas conseguintes é o capitalismo.

    Além dele, vivemos em um país que fornece apenas ignorância à sua população. Não é do interesse do governo educar os cidadãos ou fazer uma grande reforma no sistema público de educação. Isso, sem a menor dúvida, aumentaria as condições culturais do povo, que por sua vez escolheria melhor os governantes, que por sua vez fariam melhor pelo país.

    "Não sou homossexual, mas sou a favor do reconhecimento dos direitos de quem é. Não faria aborto (a princípio, porque tudo é relativo, sei lá, não estive na situação), mas eu sou a favor da legalização. Eu sou católica, mas acho que padre deveria se casar, se quisesse. Dou minhas roupas/sapatos/coisas para quem precisa.", além do "feche meu vidro do carro no semáforo"; Sim, houve uma preocupação demasiada em mostrar que você é "uma boa pessoa", que reconhece os direitos individuais dos cidadãos e que acredita que o estado é laico, logo deveria colocar isso em prática.

    Querida, eu não quero uma pessoa mal resolvida me procurando em meios públicos para "tirar satisfações". O que te deixou irritada não foi o fato de eu postar em regime de anonimato, mas sim eu não concordar com as suas opiniões como a meia dúzia de amigas suas que postou anteriormente.

    Eu dou a cara a tapa todos os dias no meu trabalho e afazeres. Você é sustentada pelos pais, não tem preocupações financeiras ou inseguranças com o valor da prestação do carro ou casa adquiridos. Tem todo o apoio que precisa no núcleo familiar tradicionalista que você criticou em sua publicação. Você definitivamente não sabe o que é realmente dar a cara a tapa.

    Aprenda o que é viver e depois siga dizendo que é independente com todos os louros merecidos por tal.

    Essa é a minha última postagem por aqui, não perca o seu "precioso" tempo respondendo porque eu não vou ler. E, só para constar, sim eu sou uma mulher e não um homem como certamente você deve estar achando.

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