sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Steve Jobs e a hipocrisia no Vale do Silício

Obs: Esse post foi escrito antes da renúncia de Steve Jobs ao cargo de CEO da Apple. 
Samsung usa filme '2001' como prova contra as patentes da Apple

É bastante público que não sou uma “Apple Lover”. Especialmente se tratando de telefonia, credito o sucesso da Apple unicamente à completa incompetência da concorrência - aparentemente superada pela Samsung, o que justifica toda a preocupação do mais choroso barão da informática com essa marca.
Tenho um iPod porque é o único produto da marca de fato insubstituível - não encontro outro dispositivo portátil com qualidade de áudio semelhante onde caiba tanta música. Ainda assim, como já "tuitei" algumas vezes, toda vez que preciso usar o iTunes para sincronizar meu iPod, desejo ao Steve Jobs uma morte lenta e dolorosa, preferencialmente engasgado com uma maçã. No meu carro uso um HD, porque prefiro dispositivos compatíveis com as revolucionárias e vanguardistas funcionalidades Ctrl+C, Ctrl+V.

Minha teoria diz que toda a paranoia da Apple com relação a direitos autorais (o iTunes e suas complicações são fruto disso), não vem do notório suposto golpe do plágio aplicado por Bill Gates. Naquela situação, o criador também não era Jobs, e  sua irritação e frustração se deu porque, embora ele houvesse copiado primeiro, a Microsoft concluiu sua "versão" mais rápido, chegando ao mercado antes. As raízes são mais profundas, e preocupação vem justamente da facilidade que a Apple sempre teve em copiar as ideias alheias sem que ninguém reclamasse disso.

"2001: Uma Odisseia no Espaço" é um clássico, uma referência. Steve Jobs, com sua pose de grande gênio do consumismo elitista, pseudo-portal do mundo nerd para o universo cool, não pode se dar ao luxo de dizer que não viu, que seus projetistas não viram, que seus desenvolvedores não assistiram. Ainda que não houvesse o filme de Kubrick, curiosamente em Star Trek existe um "dispositivo fino, de tela plana, bordas finas", etc e tal, que se chama... adivinhem? Pad! É muita cara de pau copiar os outros, patentear a cópia, e depois ainda mover um processo por violação dessa patente. Tudo na base da filosofia de vida do "Vai que cola".

A propósito, poucas ideias são tão pouco originais quanto o ícone da maçã mordida. A tentação foi representada pela primeira vez desta forma milênios atrás, no Antigo Testamento, e reutilizada inúmeras vezes no universo artístico (Branca de Neve que o diga). Além do mais, chamar uma empresa de "Maçã", e ter um computador chamado Macintosh , é como ter uma empresa chamada Limão, e um computador chamado Taiti ou Galego. Completamente redundante e desoriginal.

Aparentemente, para o sr. Jobs, se ele é o primeiro a copiar a ideia de alguém e tornar sua execução viável, ela se torna automaticamente sua propriedade. O que novamente ele tenta proteger, é a prerrogativa de fazer uso dos conceitos apresentados por terceiros e "criar" produtos descolados. Vale tudo para eliminar a concorrência e atravancar o mercado, inclusive patentear ideias alheias, bloquear dispositivos contra aplicações de terceiros, e outras inúmeras práticas questionáveis do "senhor tentação".

Nao apenas Jobs, mas todos os magnatas da tecnologia deveriam assimilar que, na verdade, os gadgets e caminhos do futuro pertencem ao mundo das artes, e suas empresas nada mais são que executoras de idéias alheias, não importa quão complexa seja essa execução.

Quem inventou a vídeo-conferência, vídeo-chamada? O cinema! Quem inventou os trens de alta velocidade? Os desenhistas do início do século passado, com suas cidades até então futuristas. Quem inventou as naves espaciais, a nanotecnologia e suas aplicações (inclusive militares), transplante de órgãos e tecidos, controle de dispositivos através de movimentos, monitores translúcidos, televisores e projetores tridimensionais?

Essas coisas não foram concebidas por engenheiros nerds vivendo na Califórnia. Praticamente tudo vem da literatura, do cinema, e recentemente dos video games. É desses segmentos, onde tudo é possível, que surgem os conceitos dos produtos, que se desenvolvem apenas se alguém do departamento de marketing de uma empresa de tecnologia considerar que tal coisa pode ser consumida por alguém, seja um indivíduo ou um governo.

2 comentários:

  1. Herman, como eu disse no twitter... eu ia falar mal do Steve Jobs mas fiquei com receio dos fãs dele, e vc como sempre, mais corajosa que eu... kkkkk

    Não tenho conhecimento de causa para concordar com td que vc escreveu, mas tb acho que Jobs não é essa coca cola toda.

    Acho que nada explica o perfil de liderança que ele tem, e não vejo mérito em uma empresa que terceiriza sua produção para uma fábrica onde misteriosamente td mundo quer se suicidar.

    Outra coisa, é que ele nunca foi capaz de passar o bastão adiante, mesmo que o faça agora. Talvez por egocentrismo, deixou o mito que foi criado em cima dele, tomar proporções grandes demais, e isso acaba prejudicando a empresa.

    A fixação dele por maçãs tb é grave, dizem que ele fez uma dieta uma vez a base de maçãs pq achava que assim não precisaria mais de tomar banho (ele não gost ade tomar banho).

    Outra coisa páia é que a maioria dos produtos deles são concebidos tendo em vista que o comprador é burro e não vai conseguir utilizar nada complicado. Por mais q seja uma estratégia interessante, e que deu certo, não deixa de ser mais uma pista de que ele se acha o inteligentão das paradas (sim, a idéia de que o usuário é burro parte dele).

    Enfim, ele não é burro, ele é um cara e tanto, mas está longe de ser um deus, e se fosse um deus, seria um daqueles bem egoístas.

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  2. Olha, aprendi muita coisa neste post.

    A começar pelo fato que eu nunca tive um iPod, nem Ipad, nem iPhone. Quase adquiri, não vou mentir. Deu aquela vontadezinha, mas... Sempre me recordo de uma coisa:
    Minhas coisas caem no chão. Descobri que meu celular tem apps, sincroniza com o notebook e que dá pra ouvir mp3 tb!

    Ele é um LG bem antigão, touchscreen também, mas diriamos um touchscreen bem rústico, não muito sensível ao toque. Já caiu 38472938797 vezes e eu nunca precisei trocar a tela, só tem um arranhõezinhos, é verdade.

    Aí eu me pergunto... essa fixação por iPhones, iPads (o iPod não vou falar, porque minha irmã comprou tanto modelinho "tipo iPod" que nenhum funciona direito e o dinheiro que ela gastou dava para comprar vários, e todo mundo que comprou, ainda tem, elogia o produto.) Tá, eu respeito, foi bacana mesmo porque substituiu o walkman. Mas não entendo essa looooucura, essa applemania!

    Acredito que assim como acontece de um celular sensível não me aguentar, deve acontecer com outros. E eu às vezes até quero um iPad, mas me pergunto, para quê? Meu notebook é novo, pequeno, eu não fico da rua o dia inteiro, acostumei ler aqui nessa tela. Já dispensei, vou usar para joguinhos, acho. E o que eu menos preciso agora é de algo que me tire o foco.

    "Mas o Steve Jobs "fez" produtos incríveis, é um Deus" "Filas e filas para o iPad"! Que bom. Mas eu acho muito mais fácil comer uma bananinha (sem malícia gente), que eu descasco ali, como e pronto. Do que uma maçã, que vai me ocupar o tempo descascando, cortando. E que se eu resolver comer com casca e tudo, vai encher de fiapinhos nos meus dentes. Frescura me dá preguiça, resumindo.

    Meu negócio é ter o que é simples, funcional e que cumpre com as minhas necessidades. Não tenho ainda minha própria grana, o que me faz ter mais dó ainda de gastar o dinheiro de outra pessoa que trabalhou em coisas assim, que não me serão tão úteis.

    Quanto ao Steve Jobs, eu desejo que ele se cure. E que a Apple seja menos fresca.

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