sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Eternos reféns dos pés-de-boi

junho/2010: Receita investiga crescimento da importação de carros da Coréia
janeiro/2-11: Participação de importados deve chegar a 22% em 2011
março/2011: 400 mil têm primeiro carro zero em 2010
março/2011: Brasil perde projetos automotivos para a Índia
maio/2011: Anfavea: venda de importados sobe e de nacionais cai
junho/2011: Queda nas vendas leva montadoras  ao governo
julho/2011: Estoque de montadoras sobe e Fiat dá férias coletivas
julho/2011: Brasileiro troca moto por carro chinês
julho/2011: Um em cada três carros brasileiros será importado
agosto/2011: Com dólar baixo, carros importados atendem todos os bolsos
setembro/2011: Governo deve mudar incentivo a carro

Coloquei aqui diversas notícias, publicadas em um único periódico no intervalo de pouco mais de um ano. Em todas elas nota-se o desespero de gente que faz do mercado brasileiro de automóveis terra de poucos e para poucos. Isso inclui governo e a Anfavea, principalmente duas de suas participantes: Fiat e Volkswagen.  O nauseante lobby automobilístico do Brasil sempre me leva a concordar com a melhor frase de Collor: O carro brasileiro é uma carroça. Collor nunca foi um homem de poucos defeitos, entretanto, nunca lhe faltou bom gosto: entre seus muitos carros estão um Maserati, uma Ferrari, e uma BMW.

Já eu, ao sofrer um acidente perigoso em um carro argentino, feito a partir de um projeto norte-americano, saí sem um arranhão. Entretanto, tenho certeza que se o mesmo tivesse ocorrido em um moderníssimo Fiat Uno Evo 1.4, ou em um Chevrolet Astra 2.0, certamente essa semana não haveria post de sexta-feira.

Quando os chineses começaram a aparecer por aqui, eu profetizei: a primeira a sentir o baque e baixar os preços será a Fiat. Assim foi com a mestre em vender carros ruins a preços exorbitantes para as classes mais baixas brasileiras. Alguns meses depois, o Linea baixou de 70 para 50 mil, assim como o fofinho Fiat 500 chegou perto dos 40 mil frente aos 70 de sua tabela de lançamento, e finalmente tiraram o Stilo de linha (aposentado seis anos antes no resto do mundo). 

Enquanto a maioria dos itens oferecidos nos carros nacionais como "opcionais" não oneram sequer em 10% a construção do veículo, há quem cobre quase 30% em cima do valor do carro básico, apenas para encher de alguns plásticos, e eventualmente tecidos. Air bags e freios ABS, por exemplo, não custam, para uma montadora, sequer R$500,00, mas são vendidos por R$3.000,00, eventualmente mais.

Embora discorde totalmente da política de marketing adotada pela Nissan (que pertence à Renaut), reconheço seu mérito, por fornecer carros competitivos, assim como Honda, Kia, Hyundai, Toyota, Citroen, Peugeot, Renaut, Ford. São empresas que sempre adotaram ou estão partindo  agora para a unificação global de seus modelos, reduzindo custos e aumentando os lucros com escala de produção, o que permite, inclusive, aumento nos investimentos em novas tecnologias e novos modelos.

O que mais me deixa perplexa é a cara-de-pau de toda essa gente que se recusa a acompanhar o fluxo natural da indústria automotiva, que ao invés de entender que o tempo das vacas obesas passou, e que nós, consumidores brasileiros, não iremos mais lhes render 70% de lucros acima do justo, ficam pressionando o governo a elevar a tributação de quem tem uma visão mais realista e administra melhor seus recursos.

3 comentários:

  1. A Nissan, Honda, Hyundai e outras marcas que de uns anos para cá entraram no mercado brasileiro estão, de fato, dando um tapa na cara nas "tradicionais". Foi ótimo isso, mas espero do fundo do meu coração que a "politicagem" não faça um retrocesso e retorne ao "todos vão pagar caro por isso".

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  2. vai abrir uma montadora chinesa em Aparecida de Goiania
    Enfim, n que os carros chineses sejam bom, mas se for pra virar sardinha, q seja dentro de um carro mais barato! iauahauahua

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  3. Existem chineses confiáveis também. a JAC, por exemplo, vende alguns de seus carros no mercado europeu, onde são mais rigorosos com testes de segurança.

    O jeito é escolher carro assim: se vende nos EUA e/ou Europa, dá pra comprar.

    Se não vira sardinha mesmo... =(

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