quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Foi engraçado para você?

Rafinha Bastos está suspenso do CQC por tempo indeterminado

Humor e preconceito em Rafinha Bastos e Gisele Bundchen


Pensei bem em como começar este post...

Você é gordo(a)? Careca? Tem muita espinha? Tem um nariz... avantajado? É baixinho(a)? É loiro? É negro? É gay? É magrelo(a)? Vesgo(a)?

Você é você. Com suas características, seus momentos, sua vida.

Você tem a sua história, suas recordações, seus traumas, suas derrotas, suas vitórias, seus problemas, suas manias, seus amigos, seus hábitos... Sua vida.

Aí você liga a TV ("...que é pra te entreter, que é pra você não ver que o programado é você!" Gabriel, O Pensador) e vai assistir o CQC, da Band... E o Rafinha Bastos, o mesmo cara sério que faz "A Liga", também faz piadas na bancada custe o que custar. Aí muda o canal, e a Gisele Bundchen está lá, em clima de "humor", limpando o chão e indo buscar a cerveja para o maridão que assiste Sky.

Piadas engraçadas, piadas sem noção, piadas agressivas, ofensivas, desrespeitosas.

Para eles, é só humor. Piadinha. Mas e para você?

Cheguei onde eu queria...

A violência exige contato corporal? Só tapas, chutes, pontapés, socos, empurrões?
A violência exige que o que eu esteja dizendo seja dito em tom agressivo? Com palavras vulgares? Com acusações (mentirosas ou não) aos gritos e de maneira séria?

Ou a violência pode vir em um tom de "brincadeira"? Camuflada em uma "piada"? Usando a "liberdade de expressão" como o aval para cometê-la?

Piadas são piadas, com o conteúdo que tiver. São apenas piadas. Não devem ser levadas a sério.
Se você levou a sério... foi um problema seu?

Não sei. Mas gostaria que as pessoas pensassem nisso, porque temo que o futuro nos reserve comportamentos indesejáveis, destruidores... Um tapa não se pode esconder. O soco deixa a marca ali, na pele, o que gera uma reação imediata, uma proteção delineada. Porém, não se vê a marca deixada por uma piada... E não tem como dizer se foi ou não mal intencionada. Ela é subjetiva: sai da boca de alguém que tem lá suas histórias, seus problemas, sua personalidade, sua maneira de viver, suas características... e chega nos ouvidos de quem tem uma outra história, outros traumas, enfim, outra vida.

Por enquanto, minha aposta sobre o assunto é ter bom senso. É como uma brincadeira entre meninos: uma tênue linha separa o "brincar" do "brigar", e a impulsividade negativa de um pode fazer, do lazer, a oportunidade para a violência. E para o castigo.

Mas o que é ter bom senso? Eis outro ponto polêmico, afinal, cada um tem  sua história, suas recordações, seus traumas, suas derrotas, suas vitórias, seus problemas, suas manias, seus amigos, seus hábitos... Sua vida.

O que é ter bom senso para você que é gordo(a)? Careca? Tem muita espinha? Tem um nariz... avantajado? É baixinho(a)? É loiro? É negro? É gay? É magrelo(a)? Vesgo(a)?

#loopinfinito.


4 comentários:

  1. Nunca me importei com piadas de loira, tem que ser muito dodoizinho pra levar à essas proporções uma piada.
    Mesmo que fosse um chingamento, se ele tivesse na TV dizendo que a Hebe é uma velha caduca, mesmo assim seria desnecessaria toda a repercussão.

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  2. Acho o caso da Gisele menos crítico.
    É como a Luciana Gimenez, que certa vez quando indagada se não se incomodava com a fama de burra, respondeu: "eu sou paga para aparecer na TV, ninguém me paga para pensar em público", e conhecendo a tradição da Rede TV, sabe-se que tudo que não se espera de alguém é pose de intelectual, e embora discorde de táticas de alpinismo social, em outros campos de sua vida, nota-se que ao menos para algumas a tal Luciana não é tão burra assim, apenas se faz de sonsa.

    Gisele se tornou famosa sendo hora a mulher-sonho-de-consumo masculina, hora a mulher-meta feminina. Nada mais é que uma ferramenta publicitária, muito bem utilizada por empresas como Vivara, Ipanema, C&A, e pessiammente aproveitada pela Hope e pela Sky. GB expõe si mesma ao ridículo, assim como Luciana, Byafra, Ricardo Macchi, etc.

    Agora, vejamos o senhor Rafael, descendente de judeus, educado nos Estados Unidos, filho de classe média alta. Não lhe faltou instrução, nem dinheiro, o que falta é respeito mesmo. Isso é intrigante, ao se constatar que ele mesmo veio de uma "minoria nem tão minoria assim" que já sofreu diversos tipos de abusos. É um ruminante com milhões de seguidores no twitter, sem nenhum traquejo e com síndrome de bobo-alegre.

    Vai entender...

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  3. Eu sei que falo demais de empatia, mas acho isso tão simples.

    Se colocar no lugar, pensar como o outro iria se sentir, blablabla.

    Idiotas sempre existiram... o que eu queria é que eels nao tivessem tanta platéia. =/

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  4. Preconceito, todo mundo tem. Até nós, que fincamos o pé dizendo que não... Vi, dia desses, naquela dança dos famosos, o rapaz que faz o Astro, o Raj, que agora não lembro o nome verdadeiro, que falava do rapazinho que dançou comparando a um negrinho baixo e feio e que após dançar, saiu de lá loiro, lindo e alto.

    o cra já tinha feito várias falas inteligentes e de repente saiu com essa. É um preconceituoso? Eu, honestamente acho que ele sequer se deu conta do que disse. Não deu tempo refletir o conteúdo daquilo, não foi intencional. Mas a sociedade faz mesmo isso com a gente. Nos deixa impregnados de um preconceito velado, que se esconde em metáforas, historinhas e que virou mote de piada.

    O mesmo acho que se aplica ao comercial da Giselle. Não imagino a empresa confabulando: "vamos oprimir as mulheres nessa campanha". Mas reproduziu o estigma, o rótulo, o estereótipo. E com o alcance da TV, da marca e da modelo, consegue fazer a ideia reverberar, se cristalizar na história. As mulheres continuam sendo aquilo.

    No caso do tal Rafinha, acho deprimente. Tenho nojo. Asco. Ele consegue acender em mim algo raro: a vontade de bater. É sério. Porque ali sim, é intencional, é oportunista. Ele não é apenas o canal reprodutor do preconceito, mas se utiliza do senso comum, da intolerância e ignorância já existente entre aqueles milhões que o seguem para dar corpo à sua violência, porque sim, fazer apologia ao estupro, por exemplo, é violência também. Rir e buscar provocar o riso a partir da desgraça alheia é criminoso, além de imbecil.

    Suspensão pra mim é pouco. Vitória, pra mim, seria ciminalizá-lo e mais que isso, dar um golpe fatal na sua vaidade, se todos, ou pelo menos a maioria, deixasse de segui-lo.

    Liberdade de expressão é uma coisa. Liberdade de agressão, creio inadmissível.

    ;-)

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