segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Meu grande amigo... o artista!


Manchete de Ontem:

Zezé di Camargo e Luciano contam motivo de briga durante show.                              

Sábado passado, Chico Buarque deu início, em Belo Horizonte, a sua nova turnê apresentando o disco “Chico”, tão esperada por todos os fãs de todo o Brasil.

Na primeira matéria que li a respeito, apesar de falar de um show de grande qualidade, a crítica sobre um Chico que limitou-se a interagir com o público apresentando os músicos da banda e com um “errei”, quando cantou errado uma música. O texto aponta para uma inevitável decepção do público, que esperava, de certo, por um Chico saudoso, amistoso, um velho conhecido que não via desde 2006.

É de nós essa coisa de querermos fazer parte da vida dos artistas que elegemos para acompanhar. Queremos saber de tudo, da vida, com quem está namorando, como vão suas finanças, como vai aquele processo de reconhecimento de paternidade, ou da pensão alimentícia, se parou de fumar ou se apareceu numa balada com indícios de excesso de álcool, ou quem sabe, alguma droga pesada.

Artistas são pessoas que possuem alguma qualidade, um dom, uma habilidade que os fazem diferentes de nós, algo que é bom a ponto de compartilhar. Mas compartilhar o dom, a arte, isso que ele dispõe público. Mas a gente não se contenta e quer mais. E alimenta, consome e sustenta uma mídia perversa que sobrevive dos detalhes da intimidade, que lança flashes nos lugares mais escuros por onde ele anda, ou mesmo na claridade do seu lar.

É óbvio que há também aqueles que procuram o centro do holofote para expor suas vidas. Seja por vaidade ou mesmo por depender da publicização da sua intimidade, de um ou outro escândalo para ter alguma notoriedade. Há quem não consiga resolver seus problemas em silêncio e lave a roupa suja publicamente também, como aconteceu no último episódio sertanejo.

É difícil pinçar o artista do resto do seu mundo. Mas fica bem mais fácil gostar, não correr o risco de se decepcionar, entristecer, lamentar com ‘detalhes’ de uma vida que não nos diz respeito. São tão humanos quanto nós e, portanto, falíveis também. Um pouco de simpatia, o respeito ao público, claro, são necessários porque a reciprocidade deve existir em qualquer relação, inclusive nessa. Mas creio que aproveitamos muito mais quando consumimos aquilo que o artista, deliberadamente nos disponibiliza: a sua arte.

3 comentários:

  1. Gostei muito do texto, Mo, bem como do paralelo que você traçou a partir do que se esperava do show do Chico e do acontecido sertanejo... É sintomático o quanto, apesar da ótima crítica ao show em si, perca-se em minúcias acerca da tão esperada interação... Já fui a um show do Chico no Recife (acho que do "Paratodos") e apesar de ele ter trocado algumas palavras com o público, o que mais me chamou a atenção (foi a primeira vez que o vi ao vivo) foi ele ter se estendido por quase 3 horas, cantando muito mais do que imagino estava previsto. Sem blá blá blá, um show maravilhoso. Ele é um artista na acepção da palavra, alguém que se dá o limite entre o público e o privado (apesar dos fotógrafos impertinentes), inclusive sem a afobação de ter de estar produzindo sempre, só para estar em evidência. Por isso que achei estranho o imbróglio entre Zezé e Luciano, uma dupla que fez história no seu nicho e, em minha tosca cabecinha, não precisaria dar esse piti todo em público, com direito a entrevistas no Jô e no Faustão, para dar satisfação a esse público ávido por pormenores tão pouco relevantes ao lado que deveria realmente interessar: a arte.

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  2. Se eu fosse ligar/imitar/apoiar a vida pessoal de uns artistas aí que admiro o talento, tava lascada.

    Concordo contigo, Dona Monica...
    O importante(arte) é só o que importa.


    =D

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  3. Então, qdo eu era adolescente, eu era mais sedenta pela vida dos artistas que eu curtia... Coisas do tipo guardar recortes sobre a recuperação do Herbert Viana.

    Mas minha postura nos últimos anos é bem simples: náo quero saber da vida de ng, pra n correr o risco de desGostar de algo pq a pessoa é tosca.

    Eu curtia os livros do Woody Allen, até descobrir a história da enteada, por ex. N me lembro de mais coisas q me decepcionam agora, pq prefiro me desligar disso... Tipo, o que n consigo me desligar já me decepciona: pq o Robert Smith n abandona a maquiagem? Ou pelo menos diminui? kkk

    O artista n tem que ser perfeito, mas eu n consigo ignorar certas questões, então eu prefiro n ficar sabendo das coisas que n estão relacionadas ao que ele produz, etc e tal...

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