Brasileiro precisa trabalhar 150 dias para pagar impostos em 2012
Governo reduz IPI de carros e tributo sobre operações de crédito
Dilma Rousseff defende redução de juros e taxas cobradas pelos bancos
BB reduz juros em até 52%
Dólar bate R$ 2,00 e Mantega diz que não irá intervir no câmbio
Esses dias nossa presidenta (se o protocolo da PR que é presidenta, ok, eu desisto) disse que estamos preparados para combater a crise mundial. Desde uns meses atrás, surgiram uma série de movimentos do próprio Governo Federal, usando inclusive seu forte braço financeiro (BACEN, BB e CEF) para reduzir as taxas de juros e desvalorizar o Real frente ao Dólar.
A redução do tal "spread bancário" é bem vinda, mas há algo preocupante nisso tudo: nota-se que não há, na verdade, uma preocupação com a saúde financeira do brasileiro, apenas um interesse em ampliar sua capacidade de endividamento: reduz-se o juros para que possamos dever mais.
A questão de bilhões de dólares é: ao estimular o brasileiro a comprar mais endividando-se mais, estamos realmente combatendo a crise, ou apenas postergando sua chegada?
O que ocorrerá quando o crédito novamente acabar, seja porque os brasileiros não mais conseguirão honrar suas dívidas, ou porque não terão mais limite de crédito junto aos bancos?
Aparentemente nos esquecemos que uma das razões que levou à crise países como os Estados Unidos, foi justamente o endividamento de sua população. Também nos esquecemos de outros fatores que prejudicam a competitividade da indústria brasileira, e que também provocam a evasão de capital, seja através de viagens ou mesmo importações. Temos uma indústria que muitas vezes encontra dificuldades em tornar-se competitiva seja por falta de mão-de-obra de qualidade (que apenas seria suprida com uma política educacional decente), seja pela carga tributária proibitiva (150 dias de trabalho para impostos, num total de 252 dias úteis esse ano), ou ainda pela falta de infraestrutura para escoamento de produção.
Infraestrutura! Ah, a infraestrutura... Vou ignorar que temos uma Copa do Mundo e Olimpíadas no horizonte próximo, e vou me ater apenas a um pequeno problema: onde nosso governo espera que os mais de 3,545 milhões de veículos previstos para serem comercializados em 2012 circulem? Sequer temos malha viária para comportar tudo isso.
Sobre o dólar, novamente, ao invés de medidas para aumentar a competitividade nacional, desonerando pequenos e médios empresários, ou mesmo capacitando profissionais, a estratégia é forçar o outro lado (que é simplesmente o resto do mundo) a parecer excessivamente caro, desvantajoso. Nota-se um governo que, para não colocar a mão no seu próprio bolso, a coloca no bolso alheio - o do consumidor de produtos importados. Sequer falarei da Poupança e seu gatilho para conter rendimentos (como se ela já rendesse grandes coisas).
Resumindo: o governo propõe que você se endivide, seja onerado por comprar qualquer coisa não-brasileira e trabalhe 59% de seu tempo para lhe pagar impostos. Essa é a receita mágica de um país sem crise.
Às nossas custas, diz o governo, estamos preparados para a crise mundial.
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