sexta-feira, 15 de junho de 2012

Refeições Indigestas (Estréia da Karina)


Olá, pessoas!

Desculpem o atraso na postagem de hoje! O texto é da nova autora das sextas feiras, a Karina, que já escreveu outros posts aqui como autora convidada. A Dai, que deixou as sextas, continuará com a gente como autora convidada.

Se você, que nos lê, gosta de escrever e se sente inspirado por notícias que pipocam por aí, faça seu texto e mande para o nosso e-mail manchetedeontem@gmail.com . A sua participação fará muito bem ao nosso blog!

Agora deixo vocês com o texto da Karina! x)

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Já fui assaltada. Mais de uma vez. A sensação é horrorosa, um misto de impotência com medo e vontade de se vingar. De algo ou alguém, não importa. Uma das vezes estava parada em um semáforo na região central de São Paulo, era horário de saída da faculdade (ou seja, zilhões de pessoas pelas ruas) quando um adolescente de camiseta vermelha estourou o vidro do passageiro do meu carro enquanto eu esperava o semáforo abrir. Ele não usou pedra, nada. Apenas a própria mão. Me lembro do barulho e de ver aquele braço tentando abrir a porta por dentro, já que não tinha nada no banco para roubar. Enfim, quem já passou por isto sabe do que estou falando.

Faz um tempinho já que aqui em São Paulo tem ocorrido arrastões em restaurantes. Vários da zona sul e agora no bairro de Higienópolis, região central da cidade e aquele onde a mulher disse ser contra um metrô por ali porque muita “gente diferenciada” passaria a frequentar o bairro. Bairro de classe média alta, bem localizado, possui vários restaurantes famosos. Pois bem, em uma semana uma pizzaria tradicional da cidade e um restaurante renomado foram assaltados. Polícia ainda investigando, o que importa é: paulistanos e aqueles que vem à cidade estão à mercê de bandidos até durante nossa saidinha sagrada para comer, que aqui é alimentado com a ideia de que estamos em uma capital gastronômica? É verdade que teremos que escolher um restaurante pela comida, limpeza e segurança, conforme sugeriu o coronel no texto ai em cima?

Viver com medo é cansativo. Você acaba enxergando pelo em todos os ovos do mundo. Imagina você reunir sua família e, entre uma garfada e outra, ladrões aparecem e querem tudo e para ontem. Não imagino que seja algo agradável. Se eu fiquei traumatizada com meu assaltozinho, penso no que ocorre com quem passa por isso... Vamos fazer o que? Ficar em casa, como na época dos ataques do PCC? Pedir delivery? Renato Russo disse em um trecho de Teatro dos Vampiros: “ninguém vê onde chegamos. Os assassinos estão livres. Nós não estamos...” Seria uma profecia?

Não sei qual a solução; em um país onde tudo é urgente, não sei onde fica o quesito segurança. Com TANTA coisa para ser arrumada, e detestando gente que só aponta defeito e que não tenta ajudar com soluções, faço então minha parte, adotando o seguinte modus operandi: saio cada vez menos, uso delivery, chamo amigos para vir aqui ou nos reunimos na casa de alguém. Se vou a restaurante, escolho o que tem vallet (o que não significa muita coisa, sei disso) e passarei a privilegiar os que possuem segurança (também sei que não significa muita coisa). Cada vez tenho menos liberdade, mas ainda prefiro adotar estas medidas ridículas (e falíveis) a gastar uma puta grana com terapia para me livrar do trauma. É a solução ideal? Não, é a que tem para hoje. Não espero soluções do poder público, espero remediações. Então faço o que me cabe. E honestamente, creio que para que as coisas aqui funcionem só implodindo tudo e recomeçando do zero, porque remendo de tecido velho só gera mais e mais buraco...

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