sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Humor é para poucos


Há exatos 43 anos foi ao ar pela primeira vez o programa Monty Python's Flying Circus, na tevê britânica e me pergunto o quanto de sarcasmo inteligente adicionei à minha vida ao assistir "A vida de Brian" e "Em busca do Cálice Sagrado", só pra citar os dois longa metragens, uma vez que só vi os esquetes que passavam na tevê com o advento do dvd.
Claro que tivemos por aqui humoristas que faziam rir de maneira inteligente, fosse o Chico Anysio dos áureos tempo, fosse Os Trapalhões pré-Criança Esperança, mas os ingleses sabiam do riscado como ninguém. Fosse pelo sentido anárquico, como em saber lidar como poucos, com temas tão explosivos (como parodiar a vida de Cristo), sem descambar para o desrespeito explícito (até porque eles não falavam de messias algum, mas da vida e de tantos maus entendidos que ela é capaz de produzir).
Aí vemos os nossos humoristas que se diziam (dizem) admiradores deles e dá uma depressão digna de quem comeu e não gostou. O anárquico torna-se sinônimo de porralouquice, de um "foda-se" generalizado, como se somente quem enuncia a piada é o inteligente, e quem não foi capaz de compreendê-la, um completo imbecil.
O Monty Python fazia humor inteligente porque em momento algum subestimou a inteligência do espectador. Seu refinamento se compreende na medida em que ele busca referências ao mesmo tempo tão próximas e tão opostas do espectador. Fala-se de futebol com filosofia e quem só entende a primeira coisa e só ouviu falar da segunda ao final do esquete acaba fascinado por ambos.
Enquanto isso, o humor brasileiro vai se emburrecendo e criando uma geração de retardados que defendem o direito do piadista expressar seus preconceitos como se fosse algo inalienável e sagrado, porque todos os que defendem o seu direito de serem respeitados "não são capazes de entender humor". 
Ah, tá.


Um comentário:

  1. Sou fascinada pelo humor do Monty Python e é uma pena que não se veja nada parecido por aqui. Bom, parecido creio que seja difícil, porque humor é uma coisa bastante cultural, mas, ao menos eu gostaria de ver algo tão bom quanto. Destaque para o sketch dos Vikings (para entender a origem do termo SPAM usado para e-mails indesejados) e para o da entrevista de emprego com toques de sadismo.

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