terça-feira, 4 de dezembro de 2012

A dor de ver sua geração morrer


                                                                                          Adriano Vizoni/Folhapress


Aguardo o momento da minha vida em que vou lidar tão bem com a velhice como Fernanda Montenegro. Ainda tenho 20 anos, mas vez e outra me remexo e me inquieto com a passagem dos anos e os efeitos que eles deixam sobre mim. Não que eu ache a passagem do tempo algo extremamente negativo, não é isso, mas eu não consigo lidar com os aspectos ruins que a passagem dos anos traz. E não é tristeza pelo corpo que muda nem pela vida que não é vivida, mas é aquela sensação de lutar sempre para ser o melhor, para se chegar "naquele" lugar que específico - que eu não sei bem qual é -. No final das contas, vamos vivendo e passando os anos com qual objetivo? Estudar e se matar de trabalhar pra se chegar no topo? É só isso mesmo? Não tem mais nada? Eu não sei, mas ainda me encontro naquela fase da vida em que só me resta o sacrifício e o esforço, nada de colher os bons frutos, por enquanto. 

Lidar com a velhice é tão difícil para mim, que mal consigo formular coerentemente um texto sobre como eu me sinto em relação a isso. Mas me incomoda ver que nada é como era há alguns anos atrás. As coisas mudaram para melhor, eu sei, mas...é aquela inquietação de se perceber fora do controle do que ocorre comigo e com o mundo. Hoje, aos 20, tenho uma saudade incontrolável dos últimos anos de escola e das amigas que eu poderia ver todos os dias. Estou em outra situação, claro. Ainda tenho as amigas - não posso vê-las todo dia, infelizmente -, estudo uma área escolhida por mim e já tenho um amor pra chamar de meu - e tudo isso é o que eu mais queria na época dos 17. Mas hoje, dá aquela saudade e aquela dificuldade em deixar o passado para trás. Acho que é como se fossemos feitos de camadas que vão se perdendo com o passar do tempo. Como se trocássemos de muda em cada ano que se passa. Acredito que, em mim, as mudas vão ficando aos poucos, não se soltando completamente, e vez ou outra se juntam às novas e me fazem tropeçar, só com o objetivo de afirmar que um pouco delas ainda está ali.

De um jeito ou de outro, eu não tenho solução a não ser me aquietar com tudo. Vou vivendo enquanto posso e como posso, e espero encontrar a serenidade e a tranquilidade de Fernanda Montenegro com o passar dos anos. Espero estar pronta para os tropeços e rasteiras que levarei daqui pra frente. Inclusive o de ver minha geração morrer.

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