quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Vale Ti-Ti-Ti




A primeira vez que ouvi falar do vale-cultura achei que não seria uma boa ideia, pois eu achava que a intenção era distribuir "cultura" para as pessoas que não tem, seja por desconhecimento, pela falta de renda.



Mas não será assim. Para quem não sabe, o vale-cultura será o equivalente ao já vale-alimentação e vale-transporte. Uma ajuda de custo que a empresa fornece ao funcionário para que ele gaste em determinado nicho, no caso com "cultura".



Sim, "cultura" assim mesmo, entre aspas. Afinal, cada um escolhe para si o que considera como cultura.



Edward B. Tylor, um antropólogo britânico diz que cultura é “aquele todo complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e capacidades adquiridos pelo homem como membro da sociedade”.



Pois então, como bem disse a ministra Marta Suplicy "Se ele quiser comprar revista de quinta categoria, assim ou assado, pode. Vai poder comprar o que quiser. O bom disso é a liberdade do trabalhador".



Sou sincero ao dizer que fico dividido com essa decisão e ainda não sei o quão certo ou errado isso está. De um lado temos uma ótima iniciativa do governo, em prover às pessoas um pouco mais de cultura, de uma forma um tanto forçada, uma vez que o vale-cultura só poderá ser usado para comprar livros, filmes, revistas, ingressos de cinemas, etc. Apesar disso, acaba fazendo com que pessoas que nunca se interessaram por nada disso, comecem a ler mais, a ver mais filmes a se informarem mais. A se tornarem mais cultos...



Ou não? Por outro lado, a pessoa  pode simplesmente torrar todo o seu vale em "revistas porcarias", ou naqueles jornais "espreme sai sangue", o que não o tornará muito "culto", mas ao mesmo tempo o tornará, pois como Tylor disse, a cultura inclui as crenças e conhecimentos da sociedade que se convive. Então é normal que se consuma aquilo que é padrão nas pequenas sociedades.



Eu pessoalmente concordo que gastar um vale-cultura com uma "revista de fofocas" é jogar dinheiro fora. Mas tenho que lembrar que, a pessoa que me vê comprando um graphic novel pode achar que eu estou jogando dinheiro fora comprando "quadrinhos de crianças". E o mesmo se aplicara a filmes, livros, teatros e tudo o que o vale-cultura cobrir.



Agora fica a dúvida, será que se pode generalizar a cultura ? Ou seria melhor ditar o que se pode ou não pode comprar?

Até que ponto se pode comprar a cultura de uma pessoa ?


3 comentários:

  1. Acho que não se compra, mas se incentiva. Melhor do que enclausurar qualquer acesso á cultura e torná-la item de mercado, como se faz em pouco mais de 500 anos.

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  2. para mim antes comprar revista porcaria ou o que o valha, e que isso seja algo imposto, que tornar o vale-cultura um vale-craque como acabou acontecendo em muitos casos aqui na cidade.

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  3. ahh eu acho q td eh cultura mesmo.
    eu q n sou das pessoas mais alienadas, devo gastar o meu vendo filmes americanos de comedia romantica.
    foda-se o cunho cultura politico educacional.
    aquilo me faz bem.

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