terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Iguais, porém diferentes


Inspirado em: http://migre.me/3Si5i

Este post não falará exatamente do livro e da entrevista tratados no link acima. Quero aproveitar o tema em questão para abordar outro aspecto do mesmo.

Acredito que todo mundo alguma vez já falou ou pelo menos ouviu alguém falar a seguinte expressão: "Mulher é tudo igual!" ou "os homens são todos iguais!"

Será mesmo?

Decerto eu seria o último a negar peremptoriamente o fato de que cada gênero tem suas próprias características, comuns a todos os membros do seu respectivo sexo. A psicanálise nos ensina que realmente a constituição psíquica de cada sexo tem suas diferenças, peculiaridades e idiossincrasias. Portanto, sim, o universo masculino e o feminino têm, respectivamente, maneiras próprias (e diferentes em relação ao outro) de lidar com a vida, o amor e o sexo oposto.

Apesar da psicanálise corroborar - e eu admitir - esse fato empírico, o meu questionamento é: podemos generalizar SEMPRE e dizer que TODOS os homens ou TODAS as mulheres, sem exceção, são iguais?

Não sou dono da verdade e não pretendo que meu ponto de vista seja o único válido e aceito por todos, mas, na minha perspectiva, a resposta é "não". Não dá para generalizar desse jeito. Muitas vezes, tais afirmações são feitas por pessoas que sofreram alguma(s) decepção(ões) repetitiva(s) com o sexo oposto.

Da minha parte, acredito que generalizações radicais, rígidas e contundentes desse jeito são um equívoco. A despeito do conjunto de comportamentos estereotipados típicos a cada gênero, há que se levar em conta a singularidade de cada indivíduo. Singularidade essa intimamente relacionada à sua história de vida, suas experiências com os pais (ou com quem exerceu as funções parentais) e suas características inatas.

Portanto, quando surgir em nossa vida uma nova pessoa do sexo oposto, tentemos dar-lhe uma chance para que ela mostre a pessoa única, individual e intransferível que ela é; pensemos duas vezes antes de projetar nela todas as nossas experiências, frustrações, mágoas e decepções que tivemos com os outros exemplares da espécie.

15 comentários:

  1. Só uma observação em relação à reportagem. A introdução é tão tendenciosa, é tão o que o autor acha que tive uma imagem absolutamente pejorativa em relação a psicanalista, até que li a reportagem e entendi qual o foco que a psicanalista quis dar.

    Seu texto, concordo com você, acredito que a despeito de nossas enormes semelhanças, não se pode colocar tudo "num saco" e dizer que é tudo a mesma coisa. Há sim, particularidades.

    bjo

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  2. Só podia ser um homem a escrever isso, neh?

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  3. Já disse Freud que ser homem ou mulher não é questão do sexo anatômico, mas uma construção.

    (não com estas palavras, é claro...rs)

    Adorei seu texto. Muito pertinente!

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  4. É por essas e outras que não sou a favor das generalizações radicais.

    Mas acho que sofrer decepções repetitivas com o sexo oposto é bem coisa de quem gosta de homens...haha
    Difícil manter a esperança nesses casos.

    Mas eu penso duas vezes, do jeito que tu disse aí.

    ;)

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  5. Concordo com você em parte; acredito que dar uma chance para a pessoa se mostrar quem realmente é, de certo modo é bem pertinente, mas isso não significa que devo ignorar toda experiência adquirida com "pessoas erradas".

    Ps.: Parabéns pelo post!

    @ChrisRibeiro

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  6. Concordo!
    (tirando eu e meu irmão gêmeo)
    somos todos diferentes.
    rs

    Boa, Paulo.

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  7. Excelente abordagem, Paulo. O pior é que muitas pessoas generalizam esquecendo que, cada qual, tem suas particularidades. Parabéns pelo texto.

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  8. Muito pertinente o seu texto Paulo, principalmente, no mundo em que vivemos hoje.
    Para mim, a generalização também é uma forma de preconceito.

    Parabéns.

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  9. Entendo que as pessoas tendem a achar "igual" e "repetitivo" aquilo que as deixam tristes e/ou frustradas.

    Dificilmente encontraremos alguém dizer que fulano é igual a beltrano por características positivas. Na maioria das vezes tal discurso só ocorre em situações negativas/dolorosas. Este é um terreno fértil para encontrarmos na generalização a saída mais cômoda para algo que, muitas vezes, tem a nossa participação ativa no que não é bom.

    Parabéns pelo texto, Paulo!

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  10. Só acha que todos são iguais quem tem preguiça de distingui-los.
    Só acha que todos são diferentes quem é nascisista.

    No fundo todos tem algo em comum, e todos tem suas marcas própias.

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  11. Ah!! Já tinha lido esse artigo!

    Concordo: "generalizações radicais, rígidas e contundentes desse jeito são um equívoco"

    É diferença que nos torna singulares e insubstituíveis, ainda bem!

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  12. Toda e qualquer generalidade é equivocada, a meu ver. Diria até mais, é desrespeitosa.

    Até indivíduos do mesmo sexo diferem em suas particularidades. Portanto, é sempre uma grande tolice generalizar.

    Concordo com o Paulo quando ele diz que “pensemos duas vezes antes de projetar nela todas as nossas experiências, ...”

    Creio que é como projetamos ou depositamos nossas experiências e expectativas uns nos outros, ou reagimos a elas - e digo isso em todas as situações do cotidiano – que nos torna ímpares.

    O lidar com essas diferenças é o grande barato. É o que torna a vida menos chata de se viver.

    Adorei o post. Um dos meus temas preferidos de discussão. :)

    Parabéns, Doutor!

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  13. Concordo plenamente com você, Paulo. Um texto bem reflexivo e de muita sabedoria. Também penso da mesma forma, somos seres únicos, ainda bem rs!
    Cada um tem sua forma de pensar, de viver... Cada um tem sua fragilidade, loucura, medos e mazelas. Como você colocou muito bem "pessoa única, individual e intransferível..."
    Brilhante!

    Beijos!

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  14. Ser diferente é o grande barato, mesmo que nos parecemos, hahahaha!

    Abraõs.

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