sexta-feira, 16 de março de 2012

Só o pão

Governo quer encarecer vinho importado

Existe algo que a gente aprende na escola: como funcionam as leis de mercado. A tal "oferta e procura", e o quanto a qualidade de um produto influencia em seu fracasso ou sucesso.

Se você tem um bom produto, haverá procura por ele; se a demanda for maior que sua capacidade de produção, talvez você possa melhorar seu ganho subindo os preços; Se preferir ganhar em escala, ou o mercado oferecer produtos de qualidade e preço similar, o que você precisa é aumentar sua produção. 

Agora, se os produtos de preço similar tem qualidade superior à sua, baby, seus investimentos devem ser para melhorá-lo. Eu aprendi assim, as escolas ensinam assim, e a vida, na maior parte do tempo, funciona assim. Exceto no país do gigante deitado em berço esplêndido. 

Depois de tornar os carros importados (geralmente superiores) totalmente inviáveis, chegou a vez de onerar também nosso paladar. Porque deve ser a mesma coisa você, um brasileirinho que não tem direito de preferir um produto de qualidade superior,  tomar um Chateau Duvalier ou um Marcus James, e tomar um Syrah, ou  Chardonnay, argentino ou chileno, feito com muito mais cuidado e método.

Se as vinículas brasileiras não apresentaram nos últimos 200 anos nenhum interesse em se profissionalizar, em aprender com a vizinhança (os hermanos se mexeram anos atrás e hoje o mundo leva o vinho argentino muito a sério), esse problema não é dos acomodados. 

Esse problema é seu, que ou deixa de tomar vinhos, ou se acostuma com os vinagres que fazem por aqui. Porque vinho nacional mesmo, que vá além do vinho de mesa suave, só a Miolo parece fazer.

Minha preocupação vai muito além da gastronomia e da grande interferência que, através do bolso, o governo pretende fazer na vida do brasileiro. Vai até as graves consequências que isso pode trazer ao colocar nossa indústria, que geralmente não é das mais proativas, em uma zona de conforto que ela jamais mereceu. 

Ao invés de simplesmente encarecer os produtos importados, por que não ensinar as vinícolas brasileiras a produzir vinhos? Eles tem essa capacidade. Afinal, a Aurora aprendeu a fazer brandys e grappas excelentes, por que não aprenderia a fazer vinhos? 

Impor o consumo de produtos nacionais é errado, sim. Incentivar a indústria nacional a produzir direito é o certo.

Afinal, se até os argentinos conseguiram, nós podemos também. =)

(vamos apelar pra uma rivalidade histórica, quem sabe assim alguém se sensibiliza)

2 comentários:

  1. kkkkkk. Vinho Nacional, que perdoem os patriotas não conta. O bom mesmo é o europeu. kkk

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    1. Vinhos bons ultrapassam as fronteiras européias. Existem vinhos bons na América Latina (Concha Y Toro e suas pontuações não me deixa mentir), e na Austrália também, até nos Estados Unidos existem uns razoáveis.
      A Miolo hoje em dia já faz alguns vinhos até bons.

      Se for ao sul do Brasil pode encontrar alguns vinhos de mesa mais que razoáveis, mas vinho de mesa é uma coisa rudimentar, comum. Falta identidade e técnica ao vinho nacional, não mercado ou mesmo uvas.

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