quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Perdedor número 1

Manchete de Ontem: Não foi a noite que imaginei pra mim, admite Cielo um dia após o bronze.


Brasileiro tem dessas coisas: se não for campeão, não vale nada. Aqui só valorizamos o primeiro lugar, não “o primeiro da lista de perdedores”. Não temos aquela coisa da competição descarada e o “vamos ganhar a qualquer custo” estampado na testa como outros países, mas temos esta cultura de só valorizar o topo. Ser segundo ou último, honestamente, não muda muita coisa.

O cara já foi campeão mundial, ouro na última olimpíada. Na de 2012, ganhou “só o bronze”. Chora como se fosse derrotado (ok, ele tem os motivos dele), mas todos noticiam que ele é agora SÓ bronze. Que ele chegou SÓ em terceiro. Que isso, que aquilo. Me diz se isto não é baixa autoestima?

Meu pai sempre falou de um boxeador brasileiro que foi o segundo do ranking durante todo o período em que competiu. Só que o primeiro era imbatível (não me lembro, mas era como se o primeiro fosse o Muhammad Ali). O campeão e dono do primeiro lugar era hors-concours, sabe? Pois bem, cansado de não ser valorizado por aqui, o boxeador brasileiro se naturalizou belga ou francês (tô ruim de memória gente, desculpa a tia) onde mal conseguia andar nas ruas, mesmo depois de se aposentar. Lá ele era/é ídolo. Aqui, era o perdedor número um. E perdemos um puta dum competidor por causa do nosso complexo de inferioridade. Triste.

Sempre me baseei pelo princípio de fazer o meu melhor. Dar o meu máximo. E isto me basta. Se o meu máximo me levar apenas longe, mas nunca ao topo, olharei para trás e aplaudirei cada passo dado. Se isto me torna uma perdedora por não estampar o ouro no peito, mais uma vez vejo que nasci no país errado. E triste um país que não valoriza nada além do primeiro lugar. Só com muita terapia mesmo... Ou (re)nascendo de novo.

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