domingo, 14 de outubro de 2012

O UNDERGROUND E A MUSICA AUTORAL ESTÃO MORRENDO?


Manchete de Ontem: Bandas cuiabanas recorrem a apresentações covers e deixam de lado o movimento autoral.


Hoje trago a tona uma opinião sobre a música autoral e o underground, achei esta matéria muito interessante, e é realmente algo que tenho notado há muito tempo também no cenário musical de minha cidade, tanto que acho que está virando febre.

Não tiro a razão de bandas se venderem ao tributo, mas tiro o mérito (é agora a porra ficou séria), mas digo isso sem pretensão nenhuma de desvalorizar a liberdade de tocar música dos outros, apenas gostaria de chamar atenção para como isso pode interferir negativamente no cenário musical da música independente, as bandas independentes acabam perdendo espaço e o incentivo a "criar". Nosso país infelizmente sempre exportou e sofreu grande influência das culturas internacionais, é inegável a influência do rock ou metal de grandes bandas internacionais ou nacionais nos músicos, mas se isso ficasse somente na "influência" poderíamos "criar" e não "copiar"  musicas. E isso tem muito haver com os movimentos underground e de contracultura, porque é o underground o berço da maior expressão da independência da música, é fácil notar casas de eventos lotadas com shows tributos e o mesmo não acontece com a música independente o que de certa forma afeta os músicos e a educação musical de abrir espaço e respeitar a música autoral.

Então essa pagação de pau e puxa saquismo de gringo ajuda de que forma nossa música? Falta consciência, eu diria mais falta amor à música de verdade, antigamente sempre tive muito orgulho da cena underground pois era possível presenciar uma verdadeira criação musical, uma vez que foge dos padrões comerciais, dos modismos e está fora da mídia. Dessa forma, sem censura, nasce livre, nasce música e os adeptos deste estilo podem desfrutar de grande variedade, conhecer novos estilos, novas idéias, neste quesito o punk é de dar orgulho ao qualquer movimento underground e de música autoral, sendo a maioria das músicas feitas em língua portuguesa, eventos undergrounds com bandas independentes, liberdade de estilo... Porém são poucos a compreender essa liberdade e acabam encarando isso como marginalidade, uma pena  que é pra raros compreender isso.

 Vivemos em uma sociedade massacrada por consumismo, manipulação politica, e até nossa cultura musical é ditada por trilhas de novelas, bandas internacionais e rádios (os hits do momento). As verdadeiras bandas de rock até mesmo no Brasil nasceram após a asfixia da censura da ditadura dos anos 80, foi esse espírito de revolução que influenciou bandas como Aborto Elétrico, Titãs, Mutantes, Raimundos, Sepultura, Ratos de Porão a criarem seu estilo, até mesmo o Samba de raiz dos morros é o underground, não conheço muito deste estilo, mas só o fato de não ver tocando nas rádios e nem em novelas e programas de domingo a tarde já tem meu respeito. A liberdade musical e a liberdade de expressão de idéias, essas músicas que não são tocadas na rádio, nem nas novelas, não pregam o que a mídia quer, bundas abertas na tela da sua tv  combina com funk e essa ideia que o Brasil leva ao exterior do paraíso sexual, não como um país também exportador de cultura musical própria, isso me deixa chateada esse comportamento no Brasil. Sepultura nos anos 80 estourou fora do nosso país, quando aqui ninguém valorizou,  por isso falo que o underground é livre, é o berço disso tudo, é legal conhecer esse diferencial.

Deixando bem claro que neste post abordei o underground somente na face da música rock e metal, mas o underground engloba todos as áreas de criação artística seja musical, literária, de todas as formas e acho que importante valorizar isso.

Faço parte deste blog com diversidade de pessoas, de gostos musicais, talvez a maioria das pessoas nem sequer sabe da existência desse movimento, mas vim aqui mostrar que existe e pode ser tão rico de diversidade e novidade que por vezes permanece assim justamente por ainda não estar contaminado pelo modismo e a mídia, mas vale a pena pensar nisso.

Apoie então os artistas de sua cidade que tocam isso independentemente. Underground quer dizer um movimento  próprio e independente sem influencias comerciais e de mídia e pode ser de vários estilos.  Conheça o trabalho dos artistas de sua região, você pode se surpreender com novidades, com sons diferentes com muita criatividade e dar continuidade a identidade própria de cada região e manter viva a arte e a música.

4 comentários:

  1. Pô, acho que esses fanáticos por tributos deveriam ir todos para os karaokês da vida. Já que a vibe do tributo é cantar junto, abraçadinho com os amigos e relembrando momentos em que escutavam tais bandas...né?

    Assim sobrariam mais locais para as pessoas pagarem para conhecer\escutar sons diferentes, bandas independentes e incentivar os músicos com grana também.

    Escuto até que bastante coisa "gringa", mas as bandas "daqui" que estão no meu coração nunca perderam pra nenhuma dessas lá de "fora".

    Mas é preciso ser curioso também, é preciso não só ligar a tv e comprar os discos que são anunciados nas propagandas, é estar aberto para escutar um estilo diferente do predominante no seu ipod e detectar que a criatividade está em todos os estilos de música e respeitar... E assim vai!

    Ah, e Sara, sobre o punk, concordo com você, tenho orgulho do punk também =D

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    1. Você falou algo interessante, sobre ouvir vários estilos, também concordo nisso, agora, que antigamente você me conhece né, só metal, punk e hard core...mas a partir do momento que abri meus ouvidos a outros estilos fiquei encantada, Mutantes mesmo, os albuns solos de seus integrantes...

      Mas tá confesso que ainda preciso abrir mais ainda os horizontes, eu sou muito apegada a metal e nisso conheço quase todas as bandas goianas, mas prometo tentar conheçer outros estilos *.*

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  2. Uau! Quantos temas abordados, Sara! Vou tentar compilar algumas observações aqui, pois é um tema que eu gosto muito de "assuntar". É muito difícil desassociarmos o Rock, filho do Blues, neto do Jazz (ou seja, derivado da música afro-americana)de suas origens e representações dos EUA e da Inglaterra. Creio que a música transcende todo o tipo de regionalismo, apesar de identificarmos sua identidade cultural. É de uma universalidade muito forte ao mesmo tempo que a usamos para buscar uma essência, algo que nos represente. Elvis e os grandes do rockabilly e depois Beatles e Rolling Stones tiveram os investimentos comerciais que os levaram ao estilo popular. Todas as genuinidades dos estilos de rock que conhecemos até hoje sofreram grandes influências não só daquele rock iniciado em terras anglófonas mas de bem antes e de outros estilos. A música é capaz disto: o mundo inteiro poder usar um estilo e temperar com sua cultura. Eu gosto muito de bandas que tocam "covers" e também lançam suas composições, isso é um ótimo artifício para que entendam o estilo ou a mistura de estilos. Vejo Mutantes e Chico Science com um dos tantos que fizeram isso tão bem aqui no Brasil. E com grande prazer e surpresa conheci O Bando do Velho Jack, tardiamente (o que achei um absurdo de minha parte)e tantas outras bandas excelentes daqui e de nossos vizinhos continentais. Eu ou um grande paga-pau de bandas quando estou num show e gosto do que tocam, mas sempre, sempre peço para eles tocarem músicas deles, e quando as tem, ainda que encabulados, incentivo mais ainda. Do "Underground" que vem o bom... somos do subsolo!

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    1. Véi tenho que concordar que o Rock ou Metal Britânico sempre muito foda, é grande influência e ouço muita coisa dos ingleses....

      Esse banda aí bando do Velho Jack acho que já ouvi falar se for uma de jazz eu achava que era de Mato grosso e tem outra que lhe indico já que curti um som nessa linha que é Bêbados Habilidosos, de Mato grosso também Blues muito massa...

      Esse incentivo é muito importante, tocar no assunto de música é delicado, mas gostei da ideia de vocês..

      Senhor Thiago enciclopédia ambulante, inteligentíssimo hein jovem, parabéns

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