segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Guerra civil do silêncio com tiros barulhentos para todos os lados

Manchete de Ontem: Guerra não declarada


Expansão, retração, modernismo, atitudes de um passado que perdura no presente e que tem reflexos direto no futuro. Não sei exatamente se isso pode ser denominado somente ao Brasileiro que não reconhece as várias guerras existentes em seu território em todo o seu processo histórico-social e que, ainda, perdura. Talvez seja a criação e eliminação de fronteiras. Já que esta tem caracterizado o modo de transição do mundo. Fronteiras geográficas que vão desde ao econômico, quanto ao social e que, também, passa pelo saber.
Mas é de bom tom (como o próprio professor fala no vídeo acima) que não se reconheça as várias guerras que estamos inseridos dia a dia. Com um número pesado de mortos, ou não. E agora vendo tanta gente morrer que as perguntas começam a ser levantadas. Como se o trânsito não matasse muitos por ano, como se polícia nunca tivesse matado "por engano", como se gangues nunca tivessem guerreado entre elas, como se o governo nunca tivesse compactuado com situação de morte, como se os índios nunca tivessem morrido, etc. 
E é exatamente isso. Esses dias para trás mesmo estava eu na Universidade com alguns amigos quando o assunto mudou para a forma que os japoneses matam as baleias. Uma colega disse que talvez seria este o motivo de todos olharem de forma diferente para tal ato, já que a forma é bastante cruel. E eu comecei a me perguntar, então, se o que o resto do mundo faz com os frangos, as vacas e demais animais não é crueldade. Manter em um quadrado os frangos apertados e fazê-los comer isso ou aquilo, esses venenos, enfim. Isso não é crueldade? É fácil pensar que a maldade está no outro, que a violência não é nossa. Eu sei, é fácil.
É como se o Brasil, e as pessoas, fossem pacíficas todo o tempo e que nunca nada acontece. E quando algo acontece tratam apenas como agitações, agitações do outro. Ou é algum grupo querendo aparecer, ou é alguém que está por trás mandando tal grupo aparecer ou é algo do tipo. Sério? Importa mesmo? Depois que já está corrompido eu só consigo pensar como pode ser resolvido e se tem solução. Porque prevenções são feitas bem antes do primeiro tiro ser dado. Num país que se desenvolveu a base de revoltas (como gostam de chamar) parece ser natural o que acontece por agora. E eu digo mais uma vez: isso não é natural, é só algo naturalizado pelo homem. Porque não pode ser natural pessoas que estão caminhando pelas ruas tomarem tiros sem saberem o motivo; e digo mais: não deveria existir tiro algum. Porque nada justifica um tiro que atenta contra a vida de alguém.
E quando se vai mais longe, é possível perceber que é isso que o homem tem feito durante toda a sua existência na Terra. Sempre um grupo contra outro, atentando, então, a segurança do último. As pessoas falam que não suportam as novelas com mocinhos e vilões, como se isso não existisse (eu não assisto novela, mas não dá para negar a existência da violência, do ódio do outro). E quando você vai se dar conta desde os tempos do Menino Jesus já existiam grupos que se odiavam. Não foi por isso, e bem antes mesmo, que as migrações começaram a acontecer? Ora por necessidade (busca pelo alimento), ora pela fuga? As guerras existentes na África não é por conta de um estrangeiro que "criou" o país e que teve outro estrangeiro dividindo o mesmo? Eles fazem a "bagunça", voltam para as suas casas e deixam os povos lá vangloriando o ódio, vivendo disso. É quando eu começo a me perguntar em uma escala mais geral se talvez, então, esta não seja a quase identidade que o homem tem dele mesmo: a violência. Já que se chega ao ponto de um indivíduo pagar para entrar em um espetáculo tal qual a atração são dois homem lutando um contra o outro. Ou até mesmo quando no seu moderno aparelho de celular o homem é capaz de filmar uma agressão no trânsito, ou o aluno que é capaz de disponibilizar na internet dois colegas brigando, e assim vai. Vai? Vamos? Pra onde? Talvez para a nossa própria cama a base de muito remédio (calmante), quando teríamos que sair e gritar. Porque é isto que os anti depressivos fazem: calam o silêncio daquele que precisa ser escutado. Porque é isto que a guerra civil faz: silencia os tiros e trata-os como se fosse só agitações passageiras e que por isso não merecem quase nenhuma atenção.

2 comentários:

  1. "É como se o Brasil, e as pessoas, fossem pacíficas todo o tempo e que nunca nada acontece." Exímia frase. Delicado termo que é usado desde ... desde... bem quando pacificavam os índios.

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  2. Às vezes eu gosto de pensar que chegará o dia em que não conseguiremos suportar viver neste sistema desigual e injusto, e estaremos tão sufocados que não resistiremos a esbravejar toda nossa revolta. Todos juntos, de maneira que ninguém se sinta confortável em se calar. E finalmente, conseguiremos encontrar um modo agradável de viver a vida, e não somente sobrevivê-la.

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