terça-feira, 20 de novembro de 2012

Medo, patriotismo torto e considerações sobre o Halloween


Minha irmã me passou a reportagem acima e a li. Fiquei chocada. Mais chocada ainda com os comentários alheios e mais ainda quando descobri que o meu não foi aprovado. Oi? Meu comentário foi sério, sensato e objetivo e nem um pouco ofensivo. Então...? É isso que se chama de "liberdade de expressão"?

Nada contra o Saci, pelo contrário: sou a favor da cultura nacional. Entretanto, por que não abraçar o de dentro e dar boas vindas ao que vem de fora? A presença de um não pressupõe a eliminação do outro. Aliás, que veio, porque o Halloween não é nenhuma novidade por aqui, embora, é claro, não tenha nem de longe a mesma difusão da Festa Junina ou do Carnaval.

Como achar que algo é ruim simplesmente por vir de fora? É medo. Puro medo. Medo do estrangeiro, do que não se entende. E o que seria exatamente a cultura nacional? Você consegue definir com clareza qual é a nossa identidade nacional? Porque eu não consigo e sinto falta disso, de ter a clareza que tantos países têm sobre o que é ser desta ou daquela nação.

O que é que se diz do Brasil: carnaval, futebol, belas praias e paisagens, mulheres lindas... E? Essa é a nossa fama e não é das melhores. Eu que estou aqui sei que não é assim: sei que temos muitos problemas e que temos muitos defeitos como povo mesmo, o famoso "jeitinho brasileiro", por exemplo. Todavia, sei quem nós somos e que estamos muito além dos esterótipos - muitos pelos quais nós mesmos somos responsáveis. 

Ninguém está impondo o Halloween ou a cultura americana. E de nada adianta falar mal de ambos sem entendê-los e também sem valorizar aquilo que o Brasil tem e ninguém fala.

E como um texto recheado de ideias tortas é veiculado para jovens em formação?

Por um lado, não acredito na neutralidade do discurso, seja ele qual for. Por outro, ela deve ser buscada, principalmente num texto que se diz de "pesquisa" e voltado a estudantes. Porque o problema não é "simplesmente" a informação incorreta, mas a intolerância e preconceito explícitos.

Sou professora e quando eu falo do Halloween não importa se gosto ou não: minha obrigação é informar, da maneira mais "sóbria" do que se trata. Falar do traço bélico da cultura norte-americana, é uma coisa e aí eu vou me manifestar, dar o meu parecer.

Só que não é disso que estou falando: estou falando de uma comemoração inofensiva como o Halloween que acabou sendo tida como o grande vilão invasor, destruidor da cultura brasileira.

Engraçado que a intolerância demonstrada em relação ao Halloween no artigo é a mesma que muitas vezes nossa cultura sofre lá fora.

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