quinta-feira, 24 de março de 2011

O sujeito tem que reagir?


Eu sei, a vida é injusta, o mundo é cruel, nós vivemos presos enquanto os bandidos estão soltos, blá blá blá...

“A criminalidade toma conta da cidade”, já diria nosso antigo conhecido, Gabriel o Pensador, e agora, o que fazer? Devíamos cobrar as autoridades, não é mesmo?  Mas é complicado...

Dia desses, um conhecido viu dois caras carregando móveis a 1:00 da manhã, aí  resolveu cumprir seu papel de cidadão e ligou pra polícia:

A:- Dois indivíduos estão carregando móveis na rua, acho que roubaram uma casa.
Sr. Polícia: - Mas o senhor tem certeza de que não é mudança?
A: - Olha, eu não sei, mas acho que não.
Sr. Polícia: - É que os ladrões não costumam roubar a essa hora, o senhor poderia averiguar?
A: - tu, tu, tu...

O cidadão que precisa averiguar, afinal, ronda policial é só nome de programa de televisão.  Mas enfim, não é porque a polícia está com preguiça que o cidadão precisa perder o bom senso. O meu conhecido não seguiu a instrução do policial, e não foi verificar se era mudança ou furto, acho que foi a atitude mais adequada; melhor que isso seria anotar o nome do policial e fazer uma reclamação junto à secretaria de segurança pública, algo assim. De qualquer forma, não era ele quem estava sendo furtado, por isso foi mais fácil simplesmente deixar para lá.

O fato é que muitas pessoas são influenciadas pelos filmes, ou muito apegadas aos bens materiais, e tem essa mania de reagir a assaltos. Não sei se mania é a palavra correta, visto que muita gente tem a chance de reagir apenas uma vez, perdendo a vida, e também os bens materiais que planejava proteger. Tenho um tio de 65 anos que reagiu a um assalto, sobreviveu e não perdeu a sua Kombi, mas desde quando uma Kombi vale o risco? E  minha mãe perdeu uma prima, jovem, linda, jornalista, que reagiu a um assalto, no Rio de Janeiro, na década de 70, por conta dessa história, desde pequena fui ensinada a deixar levarem tudo, caso algum dia eu venha a passar por uma situação parecida.

É triste, é chato, a gente passa a vida trabalhando e blábláblá. Mas se você passa a vida juntando coisas e não vivendo, alguma coisa está errada com você. Talvez eu reagiria, se o assaltante quisesse levar uma amiga minha, isso sim é um bem precioso, que eu pretendo levar pela vida toda. Mas meu carro e meu notebook (acho que são as únicas coisas materiais que posso chamar de minhas) podem levar. As coisas não são mais importantes que todo o resto, e se você acha que são, você deveria ligar pro SAC da vida e perguntar se é possível levar alguma coisa quando se morre, porque se não for, é melhor você parar de investir em coisas e passar a investir em uma fonte da vida eterna, não?

Enfim, eu tive um professor de geografia que costumava dizer às pessoas inertes: “O sujeito tem que reagir! Reage, sujeito! Reage!”, mas eu gostaria de contrapô-lo, e dizer que, em caso de assalto, o sujeito não tem que reagir e não deve reagir.

16 comentários:

  1. "desde pequena fui ensinada a deixar levarem tudo, caso algum dia eu venha a passar por uma situação parecida" Eu tb!
    Mas eu nunca foi roubada só furtada... n sei qual seria minha reação! Eu sou grossa, estupida, n levo desafora sabe? Então era capaz de no momento eu ter uma reação ridicula!
    Na vdd eu já passei por uma tentativa de sequestro e sim eu reagi!
    Mas fugi, n fui sequestrada e tou vivinha da Silva! Amém

    Talvez por sorte neh?!
    vai saber....

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  2. Ah, ainda bem que esse verbo reagir eu conjugo bem pouco...kkkkkk ¬¬

    Mas olha, concordo com vc...

    Depois de passar uns dias indo à delegacia tentar um estágio, eu reparei que o melhor a se fazer é deixar "a vida te levar", neste caso "deixar o ladrão levar"....

    Tudo bem que dizem q as pessoas n andam valendo nada, mas,valem mto menos as coisas.

    né? ;)

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  3. Eu já fui roubada algumas vezes. Na rua, no trânsito, por pivetes e por um cara armado. Depois dos pivetes me roubarem algumas vezes, eu comecei a conversar com eles; "calma, peraí, não é assim, já pego o dinheiro, peraí". Da última vez eram dois de bicicleta, enquanto eu tava correndo na rua. Queriam meu MP3. A rua era movimentada e eu argumentava enquanto desviava: "veja bem, eu me ferrei pra pagar esse aqui, não sacaneia comigo não". No fim, eles desistiram, mas não acho que foi a coisa mais recomendada a fazer. Eu só sei que, na hora, eu simplesmente não pensei. As coisas foram acontecendo e pronto.

    E isso tudo foi completamente diferente do cara que me apontou a arma no trânsito. Eu daria o carro, sem problemas. Acho que a pior sensação do mundo é saber que tem um desconhecido como responsável pela sua vida.

    O ideal é não reagir, concordo totalmente. Mas, na hora, o corpo toma conta e não dá pra pensar muito não...

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  4. Ah Letícia, concordo, mesmo n tendo vivido nada parecido.

    O que não aguento é gt que se vangloria da reação, como se tivesse feito realmente a coisa certa, se estatisticamente está provado que não é o mais recomendado.

    Inclusive, quanto a reação involuntária, a maioria das vítimas se torna vítima fatal por isso... Aí que vem o lado mais absurdo da questão: chegamos ao ponto de ter que nos disciplinar para reagir adequadamente a um assalto. É desesperador, se pensarmos por esse lado. =(

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  5. Certifico tudo o que a Noris falou!
    - Como amiga, ela nunca deixa ninguém levar a gente auhuliahuhau
    - E eu nunca vi alguém confiar tanto no seguro como ela!

    :***
    Tenho orgulho de ser tua amiga.

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  6. Uma vez eu tive vontade de reagir a um assalto que aconteceu bem na minha frente. Eu estava indo pra faculdade, vindo do trabalho, e tinha acabado de receber. Na época eu morava em Duque de Caxias, trablhava no Centro do Rio, e a faculdade era no centro de Caxias, perto de casa.
    Desci do ônibus e subi o viaduto, enquanto isso duas garotas estavam descendo, reparei nelas e tals, e fui subindo. Do nada dois indivíduos chegam atrás delas e dizem o jargão, bem conhecido no Rio: "Perdeu, perdeu.", "Encosta ae no muro.", "Perdeu, perdeu."
    Juro que minhas pernas continuaram sozinhas. Passei, e nem sei oque se passou na minha cabeça. Era um risco a se correr, pois estavamos no alto, e embaixo estava a linha do trêm. Fui embora, e nem vi mais nada. Acho que eu deveria pelos menos ter sido roubado junto (mesmo que eu ficasse sem dinheiro, e passasse fome no mês).

    No mais, nunca fui assaltado, e talvez eu reagiria, ou falaria algumas besteiras pros assaltantes. Conversar fiado, ou ofende-los mesmo, embora a ofessa não seja muito meu forte.

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  7. Ía ser uma conversa frenética hein? kkkkkkkkkkkk
    A não ser que fosse Sócrates para embaraçá-los e os convencer do contrário.. No caso de "reles mortais", acho que a resposta seria um tiro na boca hein! Engraçado como o nosso corpo age a nosso favor neh; as vezes ele precisa impor um "cala boa e sai andando"!

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  8. Vai saber né. Minha reação é algo tão inesperado quanto qualquer coisa que falo. Sou mais eu que o Sócrates. Hahahahaha

    Uma história boa sobre um assalto é essa aqui: http://www.mundogump.com.br/minha-aventura-no-assalto-combo/

    Curti muito a criatividade do cara.

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  9. A sociedade tem que reagir sim, mas não de forma direta contra o marginal, e sim cobrando mais segurança do Estado.

    @ChrisRibeiro

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  10. "Acho que a pior sensação do mundo é saber que tem um desconhecido como responsável pela sua vida." [2]

    Eu não sei como agiria nessas situações.
    Mas concordo que nada de material vale o que uma vida vale. E isso a gente não pode simplesmente sair arriscando.

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  11. Já fui assaltada duas vezes.Uma com a arma na cabeça e outra com uma faca.Bem,resumindo: Perdi muita grana por ter acabado de sair do banco, mas agora é coisa do passado.E teve um caso que não conto era dois garotos eu estava voltando do volei quando guria começei a chorar e só tinha o dinheiro da passagem.E eles pegaram e devolveram.= O Com pena de mim.Sorte!Trágico que nem todos tem sorte.Cadê a segurança pública?

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  12. É concordo, que não pode reagir, o grande problema é se controlar nesses momentos. Nunca passei por isso, mas imagino que devemos fazer coisas sem pensar..... sei lá, mas concordo contigo!

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  13. Cara, tenho um medo fodido por não saber como irei reagir se acontecer.
    O que é mais triste é que acontece de o cara matar a pessoa mesmo sem ela ter reagido, pra 'eliminar testemunha' etc. Além de não reagir, não podemos nunca olhar para o rosto da pessoa.

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  14. Pois eu conheço muitas pessoas que são capazes de se engalfinhar com um ladrão por causa de um celular ou carro, mas fogem quando há outras pessoas em risco em volta delas, sendo ou não amigas ou parentes. O apego é mesmo com a matéria. Abraços, Ana. paz e bem.

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  15. Só queria acrescentar uma coisa, já que boa parte já foi discutido aí em cima
    A polícia e o corpo de bombeiros são campeões em recebimento de trote. Só aqui na rua eu já vi duas vezes quando era novo com gente ligando pra sacenear
    No diálogo do seu amigo, pela circunstância e o trecho do diálogo, a resposta dele não foi muito segura. Achei a pergunta da mudança normal :P

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  16. Não adianta pagar uma de herói, mas marcar a cara do indíviduo e agir como "sujeito homem" ou seja "perdi", tem alguma vantagem. Mas aí depende do assaltante. Mas anestesiados mesmo estamos sempre ao sairmos do atendimento bancário.

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